[weglot_switcher]

Sector dos transportes aumenta emissões e arrisca incumprimento do Acordo de Paris

A Zero atribuiu a falta de investimento na ferrovia, a ausência de redes de transportes público eficazes em zonas urbanas e perturbadas como as principais causas para o aumento do uso do automóvel e consequente aumento das emissões em 2021.
27 Maio 2023, 18h00

O sector dos transportes verificou um aumento nas emissões de gases com efeito de estufa (GEE) entre 2020 e 2021, o que não melhora as previsões de atingir as metas a que se propõe no Acordo de Paris. Em 202, os transportes representavam 25,8% das emissões, um valor que subiu para 28,2% no ano seguinte.

De acordo com dados recolhidos pela Associação Zero, os transportes continuam a ser o sector com as maiores emissões. A energia representa 15% das emissões GEE, enquanto a agricultura representa 13%.

“Ao contrário destes outros sectores, cujas emissões têm tido uma tendência decrescente ou estável, o sector dos transportes viu as suas emissões subir 7,3%” em apenas um ano, salienta a entidade ambientalista.

As emissões dos transportes têm origem, predominantemente, no transporte rodoviário, com foco nos ligeiros de passageiros. Isto significa que, o número de automóveis nas estradas cresceu entre 2020 e 2021, durante a pandemia.

Dados da Zero revelam que Portugal, a par da Lituânia, são os países da União Europeia com a maior quota modal do automóvel.

A Zero atribuiu a falta de investimento na ferrovia, a ausência de redes de transportes público eficazes em zonas urbanas e perturbadas como as principais causas para o aumento do uso do automóvel e consequente aumento das emissões no ano em análise. Isto faz com que Portugal tenha pobreza de mobilidade, um conceito que, segundo os ambientalistas, “se refere à falta de transporte adequado e acessível necessário para aceder a serviços essenciais e ao trabalho”.

É esta pobreza que “obriga os portugueses a utilizarem o carro ou transportes públicos disfuncionais para irem para o trabalho, levar os filhos à escola, ir ao supermercado, entre outras deslocações imprescindíveis”.

Enquanto outros sectores poluentes, dando o exemplo da indústria, requerem desenvolvimento tecnológico para reduzir as emissões GEE, a solução para este tipo de pobreza “requer um investimento inicial com amplo retorno sócio-económico-ambiental”, que são transportes públicos combinado com mobilidade suave (bicicletas ou trotinetes), que devem ser acompanhados de uma limitação da entrada de automóveis nas cidades e de restrições no estacionamento.

“Os transportes públicos nunca cumprirão horários enquanto partilharem a via com o restante tráfego rodoviário que a entope, e por isso vias exclusivas para o transporte público são fundamentais”.

Em comunicado, a Zero aponta mesmo que a chave para a mobilidade suave crescer é a infraestrutura. “Ciclovias devidamente interconectadas entre si e com o transporte público, que protejam os ciclistas do automóvel, e cujo investimento inicial é praticamente residual”.

No que refere as longas distâncias, os ambientalistas adianta que a solução reside no “investimento num sistema interconectado e denso de ferrovia eletrificada eficaz, juntamente com transporte público rodoviário de qualidade, idealmente elétrico”.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.