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“Segredo ainda por explorar”. Açores procuram startups e ideias para renovar o turismo

A secretária regional Marta Guerreiro diz que o governo tem de manter a mística da região autónoma, mas também saber vendê-la. “Se calhar não vamos ter aqui a próxima Google mas vamos ter empresas de base local que cresceram e podem escalar”, confessa Miguel Gonçalves, coordenador nacional do Tourism Creative Factory.
25 Setembro 2019, 12h15

Pela primeira vez, o programa de inovação que nasceu da rede de escolas de turismo portuguesas voou para os Açores. A edição de inverno do Tourism Creative Factory está à procura de ideias e de startups que possa melhorar a oferta turística do arquipélago, aumentar o valor gasto pelos turistas em experiências e refrescar o negócio de alojamento e gastronomia.

Para o governo regional, esta é uma oportunidade de atrair e reter empreendedores, numa altura em que um dos maiores desafios que os Açores enfrentam tem que ver com a formação de recursos humanos e a qualificação dos trabalhadores. “É uma mais-valia para os empreendedores açorianos. Que dos Açores possam sair ideias arrojadas”, apelou a secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo no lançamento da nova edição do programa, no qual o Jornal Económico esteve presente.

A governante lembrou que o peso do setor primário nas nove ilhas tem sido transferido para o terciário através do papel “preponderante” e “transversal” do turismo, que é capaz de desenvolver áreas conexas e, nos Açores, tem mantido a sua consolidação devido a uma “identidade forte”.

Paulo Cavaleiro é o fundador de uma das startups que participou na primeira edição do Tourism Creative Factory. A Try Portugal, que promove experiências e produtos turísticos e faz consultoria, tem desenvolvido operações nas ilhas que o CEO considera “um segredo ainda por explorar”. “A Try Portugal não trabalha regularmente zonas urbanas e procura fomentar a procura externa por outras zonas e produtos turísticos. Este programa não é de base tecnológica e trabalha na promoção dos recursos, pretende trazer valorização efetiva para os territórios”, disse.

Em conferência de imprensa, a secretária regional confessou que o governo tem de manter esse segredo da região autónoma, mas também “saber vendê-lo”. Marta Guerreiro apontou ainda que houve um crescimento do emprego no alojamento local e estabelecimentos similares de 42% entre os primeiros trimestres de 2017 e de 2019. “Queremos que este caminho de evolução do emprego privilegie a qualidade de vida, a valorização das profissões e das condições remuneratórias”, assegurou, em declarações aos jornalistas.

A quarta edição do Tourism Creative Factory realiza-se entre os meses de outubro e dezembro e pressupõe a participação em eventos de networking e bootcamps, trabalho de mentoria para maturar as ideias e uma apresentação final (Demo Day). Além dos Açores, o programa deslocar-se-á também para as escolas de Turismo de Viana do Castelo, Oeste, Setúbal e Algarve. Ana Caldeira, diretora de Inovação e Gestão de Projeto da Turismo de Portugal, considera-o uma forma de fomentar a inovação e a apoiar startups com a ‘mão’ de quem trabalha no terreno.

“Se calhar não vamos ter aqui a próxima Google mas vamos ter empresas de base local que cresceram e podem escalar. Venho cerca de 10 a 15 vezes por ano aos Açores e percebi que fazia sentido trazer o programa para aqui, esperando que daqui a uns meses tenhamos 10 novos projetos que cheguem ao mercado em 2020 e 2021”, admitiu Miguel Gonçalves, coordenador nacional do Tourism Creative Factory, na apresentação que se realizou no restaurante Anfiteatro, da Escola de Turismo dos Açores, em Ponta Delgada.

As candidaturas já estão abertas e destinam-se a todos os(as) empreendedores(as) residentes em Portugal que ainda não tenham uma empresa constituída mas pretendam fazê-lo – ou seja, que tenham um ideia de negócio ainda com arestas por limar – ou mesmo startups embrionárias que se encontrem numa fase de reavaliação da estratégia.

“Ao participar no programa terás acesso à nossa metodologia Learning By Doing, com materiais teóricos e exercícios práticos, desenhada especificamente para modelar e canalizar a ideia de forma mais eficaz possível. Deste modo, irás conseguir desenvolver a ideia desde a sua fase inicial a um plano de negócio com exequibilidade de mercado”, explica a organização.

Criada em 2015 pela empresa de formação em empreendedorismo GesEntrepreneur, esta iniciativa conta com o apoio da rede de escolas de hotelaria do Turismo de Portugal e foi este ano inserida no programa Fostering Innovation in Tourism, estabelecido na Estratégia Turismo 2027.

*A jornalista viajou até Ponta Delgada a convite da GesEntrepreneur

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