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Semana quente do Livre. A polémica com Joacine em 15 episódios

A polémica com a deputada do Livre agudizou-se ao longo desta semana, entre críticas aos jornalistas, um assessor que se tornou conhecido na opinião pública e a tensão pública entre Joacine e a sua direção do seu partido, menos de dois meses depois de ser eleita.
28 Novembro 2019, 16h49

O ‘tribunal’ do Livre anunciou esta quinta-feira que vai analisar a abstenção da deputada Joacine Katar Moreira numa votação na passada semana no Parlamento. A deputada decidiu abster-se numa votação sobre uma “nova agressão israelita a Gaza”, quando a direção do partido era favorável à aprovação desta moção.

Este é o último episódio da semana quente do Livre e da polémica em torno da deputada Joacine Katar Moreira, menos de dois meses após o partido ter eleito o seu primeiro deputado para a Assembleia da Repúblic.

23 de novembro – Livre critiva abstenção de Joacine Katar-Moreira no voto sobre Gaza

Na manhã de sábado, o Grupo de Contacto do Livre, a direção do partido que conta com 15 membros, veio a público criticar a abstenção da deputada ao voto apresentado pelo PCP de “condenação da nova agressão israelita a Gaza e da declaração da administração Trump sobre os colonatos israelitas”.

O “sentido de voto não reflete as tomadas de posição oficiais do partido sobre o tema em questão”, segundo o comunicado, considerando que o mesmo foi um “contrassenso com o programa eleitoral do Livre e com o historial de posicionamento do partido nestas matérias. O texto apresentado pelo PCP colhe uma posição favorável por parte da direção do partido Livre”.

23 de novembro – Joacine explica abstenção no voto sobre Gaza com “falta de comunicação” com Livre

Mais tarde, a deputada única do Livre veio a público explicar que a abstenção se deveu a uma falha de comunicação com a direção do partido.

“A abstenção não se deveu uma falta de consciência ou descaso desta grave situação, mas à dificuldade de comunicação entre mim e atual direção do Livre, da qual sou parte integrante, para além de deputada única do partido. Foram três dias de contacto infrutífero para saber dos posicionamentos da direção relativos ao sentido de voto das propostas que nos chegaram, onde esta constava”, escreveu Joacine Katar Moreira em comunicado.

24 de novembro – Joacine critica direção do Livre: “Fui eu que ganhei as eleições sozinha”

Depois da troca de comunicados durante o dia de sábado, a deputada criticou duramente a liderança do Livre.

“Fui eu que ganhei as eleições, sozinha, e a direção quer ensinar-me a ser política”, disse a deputada ao Observador.

Mais. A deputada disse que o apoio que foi tendo ao longo da campanha só chegou por parte de “quem não era do partido”. E critica também Rui Tavares e “alguns membros da direção” por estarem a celebrar na noite da eleição por terem obtido o mínimo de votos para ter direito a subvenção partidária, celebração que terá ocorrido antes de saberem se tinham conseguido eleger para o Parlamento.

E as acusações de Joacine continuaram, afirmando ao Observador que “mesmo antes da campanha eleitoral” a “falta de apoio” ao seu nome já era notória.

24 de novembro – Fundador do Livre diz estar “perplexo”

Rui Tavares, um dos membros fundadores do Livre, veio a público confessar a sua perplexidade pela polémica com a deputada. “Quero deixar uma mensagem a todos aqueles que votaram no Livre, seguem a política portuguesa, a todos os nossos concidadãos: é a de que sei que muitos estão perplexos e quero que tenham consciência de que nós também estamos”, afirmou no domingo à entrada para a Assembleia do Livre.

24 de novembro – Joacine fora do Livre? “Absolutamente impossível”, garante deputada

No domingo, Joacine Katar Moreira garantia que é “absolutamente impossível” desvincular-se do partido depois da recente polémica com abstenção num voto sobre Gaza, deixando claro que vai “cumprir absolutamente” o que lhe foi mandatado.

As declarações tiveram lugar à entrada para a Assembleia do Livre que se reuniu para analisar a abstenção da deputada na votação.

24 de novembro – Assembleia do Livre prometia melhor comunicação entre deputada e direção do partido

No final da reunião, o comunicado da Assembleia do Livre emitiu um comunicado onde reconhecia que “todos os nossos membros, apoiantes e eleitores olham para as declarações dos últimos dias com perplexidade. Assumimos as dificuldades de comunicação e queremos garantir que estamos a trabalhar em conjunto para as resolver, reafirmando que o partido continua unido e focado em torno do seu programa político e eleitoral”.

26 de novembro – Livre falha prazo para entrar no debate sobre nacionalidade, uma das suas bandeiras eleitorais

Na terça-feira ficou a saber-se que o Livre falhou a entrega do seu próprio projeto sobre a lei da nacionalidade, que tinha sido uma prioridade na campanha, conforme avançou o jornal Público. O prazo de entrega terminou no dia 22 de novembro, com a discussão a estar marcada para dia 11 de dezembro. Esta medida foi uma das bandeiras do partido na campanha eleitoral.

26 de novembro – Joacine escoltada por segurança dentro do Parlamento para afastar jornalistas

Joacine Katar Moreira foi escoltada por um segurança dentro do Parlamento que tentou impedir jornalistas de colocarem perguntas à deputada do Livre.

Esta situação ocorreu duas vezes na terça-feira com jornalistas da RTP e da SIC. O gabinete da deputada chamou um segurança para tentar impedir os jornalistas de colocarem perguntas a Joacine Katar Moreira, como avançaram os dois canais de televisão.

A situação foi apanhada tanto pelas câmaras da RTP como da SIC Notícias.

Os jornalistas tentaram questionar a deputada acerca da atual tensão dentro do partido, mas o seu assessor, Rafael Esteves Martins, e o segurança, um sargento da GNR, serviram de barreira para impedir as perguntas.

26 de novembro – Joacine Katar Moreira vai enfrentar ‘tribunal’ do Livre “por insistência de Rui Tavares”

Rafael Esteves Martins, assessor da deputada, veio a público acusar Rui Tavares de ser o responsável pelo processo da deputada ir ser analisado pelo ‘tribunal’ do Livre, o Conselho de Jurisdição. O assessor disse ao Diário de Notícias “a pedido e por insistência de Rui Tavares”, um dos fundadores do partido.

27 de novembro – Joacine: “Identifico-me com o Livre e o Livre identifica-se comigo”

Em dia de debate quinzenal no Parlamento, Joacine Katar Moreira veio a público garantir que está no Livre para ficar e garante que não quer abandonar o partido.

“Estou no partido de livre e espontânea vontade. Se estou neste partido, é porque me identifico com as ideias e princípios fundadores”, assumiu Joacine Katar-Moreira ao jornal ‘Público’ na quarta-feira.

27 de novembro – “Não há outra forma”. Se pressão dos jornalistas continuar, assessor de Joacine volta a chamar segurança

O assessor da deputada, Rafael Esteves Martins, garante que se os jornalistas continuarem a insistir em fazer perguntas a Joacine Katar Moreira, volta a chamar a segurança para impedir que os profissionais realizem o seu trabalho.

“Não é essa a cultura que queremos implementar, a cultura desses seguranças. Agora, se não nos deixarem trabalhar, não há outra forma”, disse o assessor em entrevista à Rádio Observador.

Rafael Esteves Martins queixou-se das “interrupções constantes” por parte de jornalistas, argumentando que foi por esta razão que chamou a segurança no Parlamento.

27 de novembro – Caso Joacine: Ferro Rodrigues exige explicações à segurança do Parlamento

Quem não gostou da utilização de um graduado da GNR, a força policial responsável pela segurança no Parlamento, ser usada para afastar jornalistas foi a própria direção da Assembleia da República.

Os elementos da GNR “só podem intervir quando estiver em causa a segurança dos senhores deputados”, disse à agência Lusa o secretário-geral da Assembleia da República, Albino Azevedo Soares.

Desta forma, a pedido do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o secretário-geral solicitou aos serviços de segurança que expliquem o caso do GNR que escoltou a deputada e o seu assessor.

Albino Azevedo Soares disse que uma situação semelhante “nunca se verificou”, pelo que esclareceu os serviços que só podem intervir “quando estiver em causa a segurança” dos deputados, segundo a Lusa.

27 de novembro – Joacine Katar Moreira exige “respeito” por parte dos jornalistas

Joacine Katar Moreira exigiu  respeito por si por parte dos jornalistas. “Eu acho que é necessário nós começarmos a respeitarmo-nos uns aos outros. Se vos foi avisado, antecipado, que eu ontem [terça-feira] não iria efetuar, dar entrevista absolutamente nenhuma, o que se espera é que haja respeito”, afirmou a deputada após o debate quinzenal com o primeiro-ministro, segundo a Lusa.

28 de novembro – ‘Tribunal’ do Livre vai investigar caso Joacine Katar Moreira

A Comissão de Ética e Arbitragem do Livre vai analisar o caso Joacine: a abstenção da deputada numa votação sobre o ataque de Israel a Faixa de Gaza na passada semana no Parlamento.

Este órgão poderá propor à direção do Livre uma “atuação disciplinar, se for caso disso”, segundo comunicado Conselho de Jurisdição (CJ) deste partido. O membro do partido, e advogado, Ricardo Sá Fernandes, vai ser o relator deste parecer.

Esta comissão vai elaborar um parecer tendo em vista “apurar os factos subjacentes ao conflito entre o Grupo de Contacto e deputada do Livre e o seu Gabinete”.

Depois, “esclarecer, à luz dos factos em causa, as dúvidas existentes quanto à forma de estabelecer o adequado relacionamento entre os órgãos do partido e os seus eleitos para cargos políticos”.

A Comissão de Ética vai depois “propor soluções para os problemas suscitados”, e “propor atuação disciplinar, se for caso disso”. Este parecer deve ser apresentado no prazo de oito dias.

28 de novembro – Fundador do Livre anuncia afastamento do partido

Miguel Dias, um dos membros fundadores do Livre, anunciou o seu afastamento do partido, argumentando que a decisão foi tomada por uma “questão de forma e de postura política” do Livre.

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