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Senado norte-americano começa hoje apreciação do ‘impeachment’ de Trump

Tudo indica não só que Trump escapará sem ser demitido, como também que dificilmente será afetado pelas repercussões do processo quando chegarem as eleições de novembro.
21 Janeiro 2020, 07h58

O Senado norte-americano, a câmara alta do país, começa hoje a ‘perder tempo’ com a apreciação do impeachment de que o presidente Donadl Trump está a ser alvo – mas só um grande terramoto político impensável para todos os setores dos Estados Unidos iria fazer com que 66% de uma câmara maioritariamente controlada pelos republicanos votasse a favor do ‘despedimento’.

Os próprios democratas já perderam a esperança de convencerem os republicanos a votarem sob o efeito das provas e não do alinhamento político, mas – para além de não ser essa a prática corrente nos Estados Unidos (nem em nenhuma outra parte do mundo) – os republicanos já disseram que não o farão.

Resta aos democratas acreditarem que o processo, mesmo não servindo para destituírem Trump, possa fazer mossa na campanha para a reeleição que culminará com as eleições de novembro próximo, mas nem aqui a estratégia da oposição ao presidente está a ser bem sucedida.

De facto, a popularidade de Trump está em alta – desde logo porque o país atravessa, nem que seja de forma pouco consistente, um período de prosperidade que rela a reboque a popularidade do presidente, ao que se vai ainda juntar uma solução, mesmo que simplesmente temporária, do conflito comercial com a China, o que abre fortes perspetivas de desenvolvimento da economia interna.

A tudo isto junta-se ainda ‘cruzada’ externa contra o regime iraniano – país que nos Estados Unidos é tido como uma personificação do mal transformada em nação. Trump tem recolhido os devidos dividendos da sua ação extra-portas, sendo claro que os norte-americanos estão convencidos que o presidente tem em vista a segurança nacional dos Estados Unidos.

Nem o facto de desde a primeira hora ter recusado cooperar com a investigação da Câmara dos Representantes, liderada pelos democratas, aparenta ter afetado o ‘estado de graça’ do presidente – que mesmo assim parece apostado em apresentar uma defesa, por escrito, suficientemente capaz de refutar os termos da acusação.

No documento preliminar apresentado no passado sábado, os advogados de Donald Trump alegavam que as acusações são “um ataque perigoso ao direito que os americanos têm de votar livremente” e que o processo de impeachment é uma tentativa “descaradamente ilegal” de anular as eleições de 2016 e de interferir nas eleições presidenciais de novembro.

Quanto à acusação mais grave, a que envolve a Ucrânia, a equipa jurídica de Trump contra-argumenta dizendo que o presidente estava dentro da sua autoridade constitucional de pressionar o presidente Volodymyr Zelenskiy para investigar Biden e o seu filho Hunter, como parte do que Trump diz ser uma ação anticorrupção.

O Government Accountability Office, órgão independente dos partidos, denunciou que a administração Trump não tinha autoridade legal para congelar milhões de dólares em assistência à Ucrânia e que os motivos para este bloqueio eram principalmente políticos, mas o argumento, por muito verdadeiro que seja, não parece ter sido suficiente para causar agitação no interior da Casa Branca.

Trump tem agora todo o interesse em que o processo siga rapidamente para o seu fim, para que qualquer metástase do impeachmente desapareça bem antes de chegado o período eleitoral.

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