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Sérvia: mal fecharam as urnas, instalou-se a confusão

A oposição acusa o partido no poder e o seu líder, que se recandidata à presidência da república, de impedir a Comissão Eleitoral de publicar resultados preliminares e de, ao longo do dia, ter praticado as mais diversas fraudes eleirorais.
  • Antonio Bronic / Reuters
3 Abril 2022, 21h46

Com as urnas fechadas há cerca de duas horas, as eleições na Sérvia – que decorreram este domingo em três frentes distintas: presidenciais, parlamentares e autárquicas em 12 regiões, entre elas a capital, Belgrado – já estão envoltas em polémica. A maior delas reside no facto de pela primeira vez desde as eleições de 2000 a Comissão Eleitoral da República (REC) ter decidido não publicar uma projeção dos resultados finais.

A vice-presidente do Partido Democrático (DS), Tatjana Manojlovic, na oposição, afirmou, citada pela comunicação social sérvia, que a decisão da REC é uma prática inédita. O DS, que faz parte da coligação Unidos pela Vitória da Sérvia (composta por dez partidos e movimentos da oposição), considera que em causa podem estar os fracos resultados do partido do presidente, Aleksandar Vucic, líder do Partido Progressista Sérvio, no poder.

Todas as sondagens indicam que Vucic ganhará de forma destacada as presidenciais e que o seu partido voltará a contar com uma maioria absoluta, mas os democratas afirmam que a falta dos resultados preliminares resulta do facto de a REC estar “completamente sob o controlo do regime”, nada fazendo sem uma ordem do topo do regime. “Isso pode significar que os primeiros resultados que chegaram à sede do Partido Progressista Sérvio são insatisfatórios”, refere o PD. “Isto é um grande constrangimento para a instituição que devia que liderar as eleições”, disse Manojlović.

Entretanto, multiplicam-se notícias sobre diversas alegadas fraudes eleitorais ao longo do dia de eleições. A oposição fala de umas eleições “repletas de enormes irregularidades” e acusou “representantes do regime” de tentar obstruir a afluência às assembleias de voto em toda a Sérvia, especialmente em Belgrado. Já antes, a democracia parecia não ter chegado a sair à rua: “a campanha decorreu em condições injustas e que isso vai refletir-se nos resultados eleitorais”.

“Foram constatados vários tipos de irregularidades: desde o facto de membros da de algumas mesas de voto manterem registos paralelos das listas de eleitores, à presença de pessoas não identificadas que intercetaram os cidadãos em frente às assembleias de voto e os instruíram em quem votar”, Robert Kozma, um dos membros da oposição, em uma conferência de imprensa. E acrescentou que também houve casos de compra de votos e entrega de “pacotes” aos cidadãos em frente às assembleias de voto.

“Outra irregularidade é a convocação organizada de cidadãos para votar na assembleia de voto, o que foi observado na assembleia de voto em Zeleznik. Também houve violações dos procedimentos de votação fora da assembleia de voto”, disse Kozma.

A violência também esteve presenta: a oposição tem divulgado vários vídeos onde se vêm cidadãos envolvidos em pancadaria na rua.

Entretanto, na sede do Partido Progressista Sérvio todos aguardam o discurso de Aleksandar Vucic, que, segundo anúncios televisivos, deve anunciar os resultados preliminares do seu partido. Seja como for, os resultados oficiais só devem ser conhecidos ao longo desta segunda-feira. Também esta segunda-feira, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que se encontra no terreno a monitorizar as eleições, deverá emitir um comunicado sobre os acontecimentos na Sérvia.

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