O chefe da inteligência grega admitiu a um comité parlamentar que espiou um jornalista, disseram duas fontes à “Reuters”.
Na audiência, Panagiotis Kontoleon, chefe do serviço de inteligência da EYP, disse às instituições do Parlamento e ao comité de transparência que a agência tinha espiado Thanasis Koukakis, um jornalista de economia que trabalha para a “CNN Grécia”. Kontoleon recusou-se a comentar as declarações.
Por sua vez, o porta-voz do governo grego Giannis Oikonomou referiu que as autoridades gregas não usam o spyware supostamente utilizado para vigiar Koukakis e não fazem negócios com empresas que o vendem. “O governo não tem nada a esconder e pediu ao sistema de justiça que investigue minuciosamente os casos”, informou.
Em abril, um tribunal já tinha começado uma investigação sobre uma alegação de Koukakis de que o seu smartphone tinha sido infetado por um software de vigilância.
O jornalista Koukakis, cujo trabalho incluiu reportagens de investigação sobre crimes financeiros, continua perplexo por ter sido espiado. “Estou surpreendido que as áreas que cubro como jornalista, política económica e sistema bancário possam ser uma ameaça à segurança nacional”, destacou.
A audiência foi convocada depois do líder do partido socialista de oposição PASOK ter apresentado queixa sobre uma tentativa de espiar o seu telemóvel com software de vigilância.
A coligação de esquerda SYRIZA pediu formalmente ao primeiro-ministro que esclarecesse ambos os casos que envolvem o uso de software de vigilância Predator, citando questões importantes para a democracia e os direitos de privacidade dos cidadãos.
O Predator pode extrair senhas, arquivos, fotos e contactos e ativar a camâra e o microfone dos telemóveis, permitindo a vigilância de conversas nas proximidades.
As queixas surgem num momento em que cresce a preocupação de que funcionários da União Europeia foram espiados através do Pegasus. A UE considera inaceitável o uso de spyware contra jornalistas.