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Setor automóvel reage ao ministro do Ambiente: “Causa apreensão quando um membro do Governo não deixa o mercado funcionar”

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) veio a público dizer que, apesar de se assistir a uma “descida” do peso dos carros a “diesel no mercado”, não se verifica uma desvalorização acentuada nestes automóveis quando chega a hora de os vender.
  • Tiago Petinga/Lusa
29 Janeiro 2019, 07h47

O setor automóvel reagiu às declarações do ministro do Ambiente e da Transição Energética que considera que “hoje é muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”.

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) veio a público dizer que, apesar de se assistir a uma “descida” do peso dos carros a “diesel no mercado”, não se verifica uma desvalorização acentuada nestes automóveis quando chega a hora de os vender.

“O que o sr. ministro veio dizer é que os carros que se vendem hoje perdem valor daqui a quatro anos, mas essa situação não se verifica na Europa em nenhum mercado. Isto criou apreensão entre os nossos associados e entre os consumidores”, começou por dizer o secretário-geral da ACAP ao Jornal Económico.

“Causa apreensão porque é um membro do Governo. Causa apreensão quando um ministro, digamos, se mete a dizer que um bem perde valor, e quando não deixa o mercado funcionar, que é a regra de um país democrático”, declarou Hélder Barata Pedro ao JE.

“Causa apreensão quando um ministro não deixa o mercado funcionar, que é a regra de um país democrático”, Hélder Barata Pedro – ACAP

Segundo a ACAP, Portugal é o terceiro país da União Europeia com maior percentagem de vendas de veículos elétricos, no total do mercado. No ano de 2018 as vendas de carros elétricos subiram 148% em Portugal. Mas a ACAP sublinha que “todavia, esta percentagem ainda é de 1,8% do total do mercado”.

A associação que junta produtores e retalhistas automóveis acredita que o carro elétrico vai ter cada vez mais peso no mercado, mas no seu devido tempo. “A indústria automóvel está, fortemente, empenhada na redução de emissões dos veículos. A prova deste compromisso, é de que 40% dos novos modelos anunciados para 2021, já terão a opção da motorização elétrica. Todavia, esta transição irá ser feita de forma gradual”, pode-se ler num comunicado divulgado pela ACAP na segunda-feira.

“Face às declarações do Sr. Ministro do Ambiente, a ACAP confirma que não está prevista qualquer alteração de legislação, a nível europeu, que implique uma desvalorização dos veículos a diesel nos próximos anos”, assegura a associação.

A ACAP também destacou o peso relevante da indústria automóvel na economia nacional. “O sr. Ministro, ao proferir esta declaração, deveria ter tido em consideração que a indústria automóvel é a principal indústria exportadora em Portugal e que o sector automóvel é o principal contribuinte líquido do Estado, ao ser responsável por mais de vinte cinco por cento do total das receitas fiscais”.

O que disse o ministro do Ambiente sobre os carros a gasóleo?

Nas suas declarações, o ministro do Ambiente e da Transição Energética disse que “hoje é muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”.

“Na próxima década não vai fazer sentido comprar um carro a gasóleo porque já serão muito próximos dos valores de aquisição de um carro elétrico e, se for carregado em casa, o preço do quilómetro fica a 15%”, afirmou João Pedro Matos Fernandes em entrevista à Antena 1/Jornal de Negócios.

O ministro responsável pelo ambiente e pela energia também rejeitou a criação de um sistema de abate de carros a gasóleo por troca de um elétrico. “Não conheço nenhum país qem que os subsídios sejam muito maiores: Portugal dá 2.250 euros por cada veículo elétrico novo”.

Sobre o falta de um programa de abate automóvel, a ACAP destaca que Portugal é um país com um parque automóvel bastante envelhecido, lamentando que o ministério do Ambiente tenha rejeitado a criação deste programa. “Estando o parque automóvel de ligeiros de passageiros com uma idade média de 12,6 anos e existindo em circulação 700.000 veículos com mais de vinte anos, a ACAP lamenta que o Ministério do Ambiente tenha sucessivamente rejeitado a implementação de um programa de incentivo ao abate de veículos, para permitir renovar o nosso parque automóvel”, segundo a ACAP.

https://jornaleconomico.pt/noticias/ministro-do-ambiente-quem-comprar-carros-diesel-nao-tera-valor-na-troca-daqui-a-quatro-ou-cinco-anos-403634

 

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