A SIBS pretende que Portugal se torne cada vez mais um “país cashless”, no qual as pessoas usam aplicações móveis para transferir e levantar dinheiro, e propõe incentivos fiscais para que as moedas e as notas deixem de ser tão utilizadas. Para Maria Antónia Saldanha, diretora de Marca e Comunicação da SIBS, falta um “mandato nacional” para chegar ao ritmo de utilização dos novos sistemas de pagamento de outros mercados.
Em entrevista ao Jornal Económico, disse que o país precisa de medidas concretas, incentivos fiscais no âmbito da redução do IVA ou do IRC, por exemplo: “Todos os comerciantes que aderissem a operações digitais teriam o IVA mais baixo”, sugere a responsável da empresa.
“Se não existir um movimento nacional para termos uma sociedade cashless não basta termos os serviços. Desde 1983 que digitalizamos as operações financeiras. O que agora pode fechar o ciclo é haver um conjunto de medidas”, explica. A seu ver, como os levantamentos em dinheiro são gratuitos, não há estímulo à adesão ao digital.
Maria Antónia Saldanha salienta ainda o facto de em diversos países europeus nos quais as carteiras já são os telemóveis para grande parte da população – como França, Alemanha ou Suécia – ter havido uma decisão governativa que impulsionasse esse movimento: “O Estado mobilizou-se para definir o fim do numerário e o império das operações digitais. Era espetacular se amanhã pudesse haver em Portugal. Com essa bandeira nacional «Vamos sair um país cashless» é tudo mais fácil”.
A porta-voz da dona do Multibanco adiantou ao semanário que têm tido conversas “muito positivas” com o Governo português e que há “muita vontade e grande motivação”. Além de estar a falar com as entidades públicas e nacionais competentes, bem como associações do setor, a SIBS tem procurado criado um conjunto de serviços facilitadores.
Ainda que a SIBS note um crescimento no número de operações realizadas, também tem consciência de que há setores de atividade [e estabelecimentos como snack bares, quiosques ou cabeleireiros] nos quais o ‘dinheiro vivo’ ainda é valorizado ou até onde nem existem poucos terminais de Multibanco.
“A maior parte dos comerciantes que não tem terminal [de Multibanco] é porque ele está ligado à Autoridade Tributária e Aduaneira [AT]. Poder-se-á dizer que não tem interesse em ter o registo automático da sua receita ligada à AT? Só perguntando aos comerciantes”, afirmou. É também por este motivo que i mercado nacional ainda não sentiu necessidade de utilizar weareables, de acordo com a representante da SIBS.
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