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Sindicato dos Maquinistas critica falta de explicações da IP

Apesar das fortes críticas à IP, o SMAQ garante que se vai abster de fazer mais declarações sobre este assunto, preferindo aguardar, “serenamente, e confiante na competência do GPIAFF, pelo relatório final”.
3 Agosto 2020, 21h12

O Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) emitiu há minutos um comunicado criticando a falta de explicações da administração da IP – Infraestruturas de Portugal sobre a não adopção de um sistema de controlo de velocidade na rede ferroviária nacional durante a conferência de imprensa que teve lugar esta tarde, 3 de agosto.

“A IP não explicou porque razão, estando o CONVEL [sistema de controlo de velocidade] implementado na Rede Ferroviária Nacional desde 1993, só em 2018, após as recomendações do GPIAAF [Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Ferroviários] na sequência do incidente de Roma-Areeiro ocorrido em 20-01-2016, é que se mostra sensibilizada para a falha de segurança que representa a ausência do sistema CONVEL nos seus veículos”, acusa o comunicado do Sindicato dos Maquinistas.

O mesmo comunicado considera que a administração da IP “não explicou também, estando as recomendações do GPIAAF publicadas desde 2018, e tendo a IP consciência da dificuldade técnica da implementação do sistema CONVEL nos seus veículos por parte da Bombardier, e tendo em conta igualmente o número elevado de ocorrências de ultrapassagem de sinais vermelhos, por parte de veículos da IP, que se tinham verificado até aí (10 por milhão de quilómetros, enquanto os comboios dos operadores comerciais registavam apenas 0,52 por milhão de quilómetros – números de 2015), apurados e reportados pelo GPIAAF no seu Relatório F_2018/03, porque razão não foram adotados procedimentos regulamentares mitigadores do risco sempre que os veículos especiais da IP, não equipados com CONVEL, circulem em via aberta à circulação de comboios equipada com o sistema CONVEL, tal como está inscrito na recomendação do GPIAAF n.º 2018/16”.

“A IP tem a obrigatoriedade legal de fazer auditorias ao seu Sistema de Gestão de Segurança e, nesse contexto,
apurar os riscos de segurança e promover a sua devida mitigação. Nunca antes de ter sido devidamente identificado
pelo GPIAAF, e emitidas as devidas recomendações, a IP detetou o risco que veio a gerar este acidente causador
da perda de duas vidas humanas, ferimentos muito graves no maquinista do comboio de passageiros e
ainda ferimentos em 42 passageiros”, critica ainda o Sindicato dos Maquinistas.

O comunicado garante que “o SMAQ abster-se-á de fazer mais declarações sobre este assunto”, preferindo aguardar, “serenamente, e confiante na competência do GPIAFF, pelo relatório final”.

Recorde-se que no passado dia 31 de julho ocorreu um acidente com um Alfa Pendular que seguia de Lisboa para Braga, na linha do Norte, em Soure, imediações de Coimbra, com uma máquina de reparação da via da IP, que causou duas vítimas mortais e mais de 40 feridos, além de ter interrompido a circulação ferroviária na principal linha do país por mais de 24 horas.

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