Em comunicado, a central sindical liderada por Arménio Carlos diz tratar-se de “um ato perpetrado em violação do Direito Internacional e da Carta da ONU, procurando introduzir novos elementos de desestabilização e contrariar os avanços alcançados pelo diálogo e os esforços de vários países para trazerem de volta a paz” à Síria.
“Invocar o uso de armas químicas em Douma é um ato da mais profunda manipulação – vejam-se as mentiras mais recentes em relação ao Iraque e à Líbia, com as dramáticas consequências que se conhecem”, afirma a CGTP, que diz que há “um claro intento de manietar a opinião pública e procurar justificar a agressão”.
Para a intersindical, os bombardeamentos “são um passo de enorme gravidade numa escalada de desenvolvimentos imprevisíveis para a Síria e toda a região”.
A CGTP “critica veementemente a cumplicidade do Governo português e da sua atuação contrária aos princípios da Constituição”, lê-se no comunicado.
Os EUA, a França e o Reino Unido realizaram hoje uma série de ataques com mísseis contra alvos associados à produção de armamento químico na Síria, em resposta a um alegado ataque com armas químicas na cidade de Douma, Ghuta Oriental, por parte do governo de Bashar al-Assad.
A ofensiva consistiu em três ataques, com uma centena de mísseis, contra instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono.
O presidente dos EUA justificou o ataque como uma resposta à “ação monstruosa” realizada pelo regime de Damasco contra a oposição e prometeu que a operação irá durar “o tempo que for necessário”.
Segundo o secretário-geral da NATO, a ofensiva teve o apoio dos 29 países que integram a Aliança.
A Rússia pediu, entretanto, uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, “para discutir as ações agressivas dos Estados Unidos e seus aliados”. Na reunião, os membros do Conselho de Segurança rejeitaram uma proposta de condenação dos ataques, apresentada pelos russos. Rússia, China, dois membros permanentes do Conselho, e a Bolívia, membro não permanente, votaram pelo texto, oito países votaram contra e quatro abstiveram-se.
O ataque da madrugada de sábado foi uma reação ao alegado ataque com armas químicas contra a cidade rebelde de Douma, em Ghuta Oriental, ocorrido no dia 07 de abril e que terá provocado 40 mortos e afetado 500 pessoas.
Esta manhã, na Batalha, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu-se ao ataque feito por “três amigos e aliados” e “limitado a estruturas de produção e distribuição de armas estritamente proibidas pelo direito internacional e cujo uso é intolerável e condenável”, citando a posição assumida pelo Governo português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que disse compreender as razões que levaram à intervenção militar desta madrugada na Síria, defendendo, no entanto, ser necessário evitar uma escalada do conflito.
“Portugal compreende as razões e a oportunidade desta intervenção militar”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, acrescentando que o objetivo foi “infligir danos à estrutura de produção e distribuição de armas que são estritamente proibidas pelo direito internacional”.
De acordo com o comunicado divulgado pelo ministério de Augusto Santos Silva, o regime sírio “deve assumir plenamente as suas responsabilidades”, já que “é inaceitável o recurso a meios e formas de guerra que a humanidade não pode tolerar”.
No espetro partidário, o ataque foi condenado pelo PCP e pelo BE, enquanto PSD e CDS-PP manifestaram apoio à ação dos Estados Unidos, Reino Unido e França.
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