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SITAVA critica mexidas na administração da TAP e exige investimento na engenharia e manutenção

O sindicato exige da nova administração da TAP investimento na área de engenharia e manutenção e o fecho do negócio com a participada brasileira VEM, que considera ruinoso.
  • TAP Portugal
6 Outubro 2020, 18h59

O SITAVA – Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos teceu esta terça-feira críticas às mudanças na administração da TAP, com a saída de Humberto Pedrosa e do seu filho David Pedrosa, do Grupo Barraqueiro, da equipa de gestão da companhia aérea nacional.

E exige investimento da nova administração da TAP na área de engenharia e manutenção e o fecho do negócio com a participada brasileira VEM, que considera ruinoso.

“Fomos surpreendidos no fim da passada semana com a notícia de mais uma alteração provisória (?), do conselho de administração, com reflexo também na comissão executiva. Se para o comum dos mortais, esta notícia surge apenas como mais uma, talvez surpreendente, para os trabalhadores do Grupo TAP, – sim porque estas alterações afetam todo o grupo – não pode ser encarada apenas dessa forma”, lamenta o sindicado, em comunicado.

Segundo os responsáveis do SITAVA, “quando o sofrimento dos trabalhadores se acentua com o prolongamento dos cortes salariais, e se assiste à diminuição da atividade do transporte aéreo, é essencial que, da parte da gestão, seja
transmitida aos trabalhadores uma mensagem de estabilidade e confiança, e não esta que denota precisamente o contrário, desnorte e insegurança”.

“Quando mais necessário era, termos uma comissão executiva alinhada com o projeto de uma TAP robusta ao serviço da economia nacional, surge mais esta alteração e a entrada de novos membros obrigará inevitavelmente a mais um período de adaptação. Provocada por esta e por outras situações, vive-se no seio da empresa um clima de ansiedade e angústia que gera e alimenta uma onda de boatos, que apenas dificulta o discernimento coletivo, indispensável para enfrentar a difícil situação que atravessamos. A propósito de tudo isto, talvez valha a pena recordar aqui posições já anteriormente assumidas pelo SITAVA, em relação à tão falada reestruturação em curso”, lamenta a direção do SITAVA.

Os responsáveis deste sindicato reforçam a ideia: “Reafirmamos que não existem manuais sobre restruturações de companhias aéreas. Somos realistas e sabemos que os ajustamentos já estão a ser impostos pela diminuição da procura, mas recusamos liminarmente os cortes cegos. Existem custos de variadíssimas naturezas e a redução
dos ditos deve ser procurada onde realmente existe o excesso”.

Motivo para o SITAVA criticar de forma dura todo o negócio da TAP com a participada brasileira VEM, na área da manutenção. “Todos sabemos, e há muitos anos, que a aventura brasileira na VEM apenas gerou centenas de
milhões de euros de prejuízos e que, inexplicavelmente, tudo continua ‘na paz dos anjos’. O que se espera então para resolver essa situação? Entende a administração que ainda não são suficientes os prejuízos causados, tanto financeiros como nos milhões de horas de imobilização da frota? Então que faça rapidamente as contas e acabe de vez com este acintoso sorvedouro”, questiona-se o SITAVA.

“De igual modo, o que espera a administração [da TAP] para, de forma transparente, comunicar aos trabalhadores os resultados das renegociações dos “leasings” dos aviões? E dos resultados da entrega aos ‘locadores’ das aeronaves mais antigas que estão a ser abatidas? E ainda daquilo que se fala na comunicação social acerca da manutenção ou não das encomendas de mais aviões novos?”, são outras questões controversas colocadas pela direção do sindicato.

Segundo os responsáveis do SITAVA, “tudo isto conta e muito, e a falta de transparência na comunicação, contribui
decisivamente para a enorme confusão que se vive atualmente no seio da empresa”.

“Como é também fortemente sentido por todos nós, o crescimento desordenado da frota nos últimos anos, de que os trabalhadores não são de todo responsáveis, e a incompreensível  ausência de investimento na M&E [manutenção & engenharia], foram causa próxima para que, mais de metade da frota da TAP, seja assistida fora de Portugal bastas vezes sem a qualidade que a manutenção e engenharia da TAP garante em todos os trabalhos que realiza”, revela o SITAVA, aproveitando para colocar mais questões incómodas: “E isto não é preocupação para a gestão [da TAP]? Estão contabilizadas as penalizações tanto financeiras como em horas de imobilização, que esta situação tem provocado e ainda provoca?”

A direção do SITAVA prossegue no tom crítico, assegurando que “temos seríssimas dúvidas, mas se as tiver então que as divulgue e informe os trabalhadores das poupanças conseguidas com estas práticas, quanto a nós fortemente lesivas, da empresa e do país”.

“É para o SITAVA imperioso e vital que, desde já, se prepare o investimento na M&E para que, com o fim da aventura brasileira que deve acontecer no imediato, a manutenção de toda a frota seja assegurada pelos trabalhadores da TAP. Esta é também uma forma de criar emprego qualificado em Portugal, coisa de que o nosso país tanto necessita”, defende o referido comunicado.

O SITAVA considera que “é bom esclarecer os trabalhadores em relação às muitas ameaças – ainda que veladas –
que surgem por todo o lado, tentando desestabilizar o nosso dia a dia”.

“Por tudo o que atrás dizemos fica muito claro que só existe excesso de MDO [mão-de-obra] no pessoal de terra, em algumas ‘cabeças’, que apenas pretendem condicionar as nossas vidas, sabe-se lá com que intenções. Mais uma vez,
reafirmamos: as reduções de custos devem ser procuradas onde estes existem realmente em excesso. Como diria um antigo primeiro ministro, não é difícil, ‘é só fazer as contas'”, avisa a direção do SITAVA.

Como nota final, os responsáveis do sindicato reproduzem um trecho publicado no comunicado anterior:  “acerca da contratação coletiva, vale a pena aqui assinalar, que no passado dia 24 [de setembro], fez 50 anos que foi assinado o primeiro Contrato Coletivo de Trabalho, aplicado aos trabalhadores da TAP; foi assinado pela TAP e por 14 sindicatos representativos dos seus trabalhadores precisamente no dia 24 de setembro de 197″.

“A contratação coletiva é, portanto, sinónimo de progresso e de avanço civilizacional. Que ninguém pense alguma vez acabar com ela”, alertam os responsáveis do SITAVA.

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