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Só a Netflix é responsável por 15% do tráfego downstream de toda a Internet

Segundo um estudo da Sandvine, a utilização do sistema de partilha de ficheiros Bittorrent está a crescer depois de anos de declínio.
6 Dezembro 2018, 13h30

Um novo estudo publicado recentemente pela empresa de equipamentos e gestão de redes Sandvine, demonstra que a utilização do sistema de partilha de ficheiros Bittorrent está a crescer outra vez, depois de anos de queda. A culpa deste crescimento está na crescente oferta de serviços de streaming díspares que fazem acordos de exclusividade de conteúdos e obrigam os utilizadores a procurar noutros lados o querem consumir.

O estudo Global Internet Phenomena, publicado pela Sandvine, mostra as tendências actuais de consumo de Internet, como por exemplo o facto de agora 50% do tráfego estar encriptado, o streaming de vídeo contar em 58% para o tráfego total e que só o Netflix é responsável por 15% do tráfego downstream de toda a Internet.

Mas o dado mais interessante é a crescente utilização do sistema de partilha de ficheiros Bittorrent. De acordo com este estudo, a partilha de ficheiros corresponde a 3% do tráfego downstream global e a 22% do tráfego upstream. Dentro destes números, a utilização do Bittorrent corresponde a 97% do total. Na actualidade a partilha de ficheiros está facilitada por aplicações de reprodução de vídeo modulares que permitem a utilização de plugins para aceder a estes sistemas.

Em 2011, a Sandvine mostrou que, pelo menos nos EUA, o Bittorrent passou de 52% de todo o tráfego upstream para 26,83. Esta queda coincidiu com o lançamento de novos serviços de streaming de alta qualidade mais acessíveis, que se tornaram alternativas à partilha ilegal de conteúdos. Este ano está a acontecer uma reversão nestes números, principalmente no Médio Oriente, Europa e África onde a utilização do Bittorrent já chegou a 32% do total do tráfego upstream.

BitTorrent no mundo em 2018
Fonte: Sandvine

Segundo a Sandvine, a razão para esta inversão é o excesso de oferta e a exclusividade dos conteúdos. Num artigo publicado no blogue da empresa, Cam Cullen, diretor de marketing da Sandvine, tira algumas conclusões: “Cada vez há mais conteúdo “exclusivo” a ser produzido para um único operador – por exemplo Game of Thrones na HBO, House of Cards na Netflix, The Handmaid’s Tale na Hulu ou Jack Ryan na Amazon Video. Para se ter acesso a todos estes serviços, o consumidor vai ter de gastar muito dinheiro, por isso muitos optam por assinar um ou dois e pirateiam o resto.”

Um exemplo desta tendência crescente para exclusividade é a Disney, que vai remover grande parte do seu catálogo do Netflix porque vai lançar o seu próprio serviço de streaming. Alguns estudos apontam para o facto de praticamente todos os estúdios principais irem ter o seu próprio serviço de streaming em 2022. Naturalmente, todos estes produtores de conteúdos vão querer manter os seus conteúdos exclusivos, para levar os consumidores a assiná-los.

Esta tendência cria o problema dos consumidores não terem orçamento suficiente para assinar todos os serviços para poderem consumir os seus conteúdos favoritos. Outro problema está no ‘geofencing’ dos conteúdos que mantém certos conteúdos populares longe do alcance dos consumidores, como acontece em Portugal. No nosso país há ainda alguns fenómenos algo anómalos, como o facto do Netflix em Portugal estar impedido de emitir algumas séries produzidas pelo próprio Netflix, devido a acordos de distribuição com canais de Tv tradicionais. O resultado disto é retorno à pirataria.

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