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Sócrates: Costa e Marcelo não são líderes carismáticos

“O maior inimigo do carisma é a rotina”, defende José Sócrates, dizendo que se por um lado António Costa “é um líder incompleto” em termos de formação, por outro Marcelo “tem excesso de presença, o que o enfraquece”.
27 Outubro 2016, 11h28

Em entrevista à TVI esta quarta-feira, José Sócrates veio afirmar que o primeiro-ministro e o presidente da República até podem, à sua maneira, ser líderes populares mas adverte que “não se deve confundir popularidade com carisma”.

O ex-primeiro-ministro que se prepara para lançar um novo livro esta quinta-feira, com o título “O Dom Profano – Considerações sobre o Carisma” não poupou críticas à forma de governação dos dois líderes portugueses, chegando mesmo a falar em “crise da democracia representativa”.

Sócrates afirma que António Costa é um líder ainda incompleto, apesar da sua vasta experiência política – Costa foi ministro em diversos governos, incluindo durante o tempo em que José Sócrates era primeiro-ministro. “António Costa é um líder em formação. Só agora é líder do partido e só agora é primeiro-ministro. Só podemos ver se é uma liderança carismática depois de um largo período de liderança”, defende.

Mas o que torna uma liderança carismática? Sócrates responde. “As lideranças carismáticas são, muitas vezes, um produto das crises. As pessoas revelam-se nessas alturas de crise. O carisma é sempre algo de excecional, de fora do comum. O maior inimigo do carisma é a rotina”.

E, por isso, o ex-líder do PS fundamenta que mesmo Marcelo, o “presidente dos afetos”, não é um líder carismático. “É um erro confundir uma celebridade ou a popularidade com o carisma. Um dos problemas do carisma na sociologia é precisamente a sua utilização para classificar tudo e nada. Hoje até as marcas de camisas ou de t-shirts são carismáticas. Colar a liderança carismática à celebridade ou a popularidade é um erro”.

Sócrates deixa ainda um conselho ao presidente Marcelo: “A vulgaridade, banalidade, o quotidiano, a rotina, o excesso mata qualquer liderança carismática. Acho que o excesso de presença enfraquece-o”.

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