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“Somos contra o emprego pago”, diz Ana Avoila sobre curso do Estado

A propina associada ao curso, que permite a entrada direta na Função Pública, tem um valor de 5 mil euros e está na base dos críticas da coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, em declarações ao Jornal Económico.
31 Janeiro 2018, 17h57

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública é contra um sistema que permite que quem tem dinheiro possa comprar o emprego. Ora é justamente isso que, segundo esta estrutura sindical, acontece com o Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública ministrado no antigo INA (antigo Instituto Nacional de Administração), suspenso desde 2016 e que, soube-se hoje, o governo vai relançar este ano.

A formação tem a duração de um ano. Os candidatos passam por várias provas de seleção, mas a maior seleção é a financeira, uma vez que a propina custa 5 mil euros. No final, os diplomados, com média não inferior a 12 valores, ingressam na carreira geral de técnico superior. “Somos contra o emprego pago. Não é um bom princípio”, diz Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, ao Jornal Económico.

Sem pôr em acusa a qualidade dos cursos do INA nem as pessoas que os procuram, Ana Avoila lembra ainda que os cursos do INA foram pensados para que os trabalhadores da Administração Pública se fossem valorizando durante o seu percurso profissional. Mas poucos o frequentaram. Passou a ser para quem tem dinheiro.  “Somos contra o sistema que permite isso”.

Ao Jornal Económico, fonte do Ministério das Finanças, que tutela o INA, adiantou que o plano de estudos do Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública “está a ser reformulado”, com o objetivo de “incrementar o alinhamento deste instrumento com as necessidades dos serviços”.

O curso é, segundo as Finanças, “um instrumento privilegiado de recrutamento de trabalhadores com perfis de competências diferenciados e com particular potencial de adaptação às novas realidades da Administração Pública”.

Este ano vai arrancar uma nova edição, revelou a mesma fonte acrescentando que a última edição teve 200 vagas, estando todos os formandos colocados nos diversos serviços.

Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) defende que o curso não pode ser só para quem tem dinheiro. “Emprego na Administração Pública não se compra”, afirmou José Abraão, secretário-geral da FESAP, ao Jornal Económico.

 

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