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Sono pode prevenir doenças cardiovasculares ao regular mecanismo anti-inflamatório

O autor principal do estudo, Filip Swirski, explicou, citado no comunicado, que se trata de um mecanismo biológico em que uma hormona do cérebro, a hipocretina, controla a produção de células inflamatórias na medula óssea e ajuda a proteger os vasos sanguíneos de lesões.
13 Fevereiro 2019, 23h53

Uma boa noite de sono pode prevenir doenças cardiovasculares ao regular um mecanismo anti-inflamatório que foi identificado por uma equipa de cientistas numa experiência com ratinhos geneticamente modificados, revela um estudo hoje divulgado.

Os resultados do estudo, descritos num comunicado do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos, onde a experiência foi feita, serão publicados pela revista científica Nature.

O autor principal do estudo, Filip Swirski, explicou, citado no comunicado, que se trata de um mecanismo biológico em que uma hormona do cérebro, a hipocretina, controla a produção de células inflamatórias na medula óssea e ajuda a proteger os vasos sanguíneos de lesões.

“Este mecanismo anti-inflamatório é regulado pelo sono e diminui quando o sono é frequentemente perturbado ou perde qualidade”, defendeu o investigador.

No estudo, os cientistas focaram-se num grupo de ratinhos que foram geneticamente modificados para desenvolverem aterosclerose, doença que se caracteriza pela acumulação de gorduras nas paredes das artérias e que pode dificultar o fluxo do sangue.

O grupo foi dividido ao meio: metade dos roedores foram privados de um sono normal, enquanto os restantes não.

Com o passar do tempo, os ratinhos que tinham perturbações no sono desenvolveram maiores lesões nas artérias, como depósitos de gorduras, do que os animais que mantinham padrões de sono normais. Além disso, os ratinhos com problemas no sono produziram mais células inflamatórias no sistema circulatório e menos hipocretina, hormona do cérebro que terá um papel-chave na regulação dos estados de sono e vigília.

Ao darem um suplemento de hipocretina a ratinhos com aterosclerose e com perturbações no sono, os cientistas verificaram que tendiam a produzir menos células inflamatórias e a desenvolver lesões nas artérias mais pequenas, ao contrário dos roedores com os mesmos problemas de base, mas que não receberam uma dose reforçada da mesma hormona.

Segundo os autores do estudo, os resultados sugerem que a perda da hormona cerebral hipocretina durante noites mal dormidas contribui para a inflamação e a aterosclerose.

Contudo, ressalvam que tem de ser feito mais trabalho de investigação, em particular com pessoas, para se validar os resultados e testar o uso terapêutico da hipocretina em doenças cardiovasculares ou distúrbios do sono.

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