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S&P 500: coronavírus causa quarta maior queda da última década

Na semana passada, a 19 de fevereiro, o índice norte-americano S&P 500 registou máximos históricos. A tendência de ganhos já vinha de trás, mas o surto do Covid-19 abalou os mercados e causou receio entre os investidores. Em consequência, até 24 de fevereiro, o S&P 500 tombou 7,66%, a quarta maior queda dos últimos dez anos face ao máximo verificado nas últimas cinco sessões.
  • Reuters
28 Fevereiro 2020, 14h00

A análise foi efetuada por Carlos Almeida, diretor de investimentos do Banco Best, num comentário de mercados sobre o impacto do surto de coronavírus que teve origem na China, mas que se alastrou aos ‘quatro cantos’ do globo. Para o diretor de investimentos do Banco Best, esta queda do S&P 500 constituiu “um dos períodos mais turbulentos dos últimos dez anos, sendo a quarta maior década em cinco dias desde 2010”.

Carlos Almeida explicou que, apesar da forte contração do S&P 500 por causa do impacto do vírus nos mercados financeiros, esta está abaixo da maior queda registada do índice em cinco sessões na última década. A maior ocorreu no dia 8 de agosto de 2011, quando os Estados Unidos perderam pela primeira vez na história o rating de AAA atribuído pela agência de notação Standard & Poors – o índice tombou 11,18%.

No entanto, no período de seis meses e um ano após a queda do índice por causa do corte da Standard & Poor’s, o S&P 500 disparou 20,14% e 25,18%, respectivamente. A mesma tendência de recuperação (e de ganhos) verificou-se após três outras quedas do S&P identificadas pelo diretor de investimentos do Banco Best: depois do flash crash de 7 de maio de 2010 (uma queda relâmpago do S&P 500 que teve início da véspera em que perdeu 6% em apenas 15 minutos); após a queda significativa das bolsas chinesas, em 25 de agosto de 2015; e depois da queda registada em 24 de dezembro de 2018, devido a receios de económica por causa das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China e por causa da incerteza em torno do Brexit.

Uma vez que a contenção do vírus ainda não está completamente definida, a evolução do S&P 500 permanece uma incógnita. Neste cenário, Carlos Almeida frisa que “a velocidade de propagação e dispersão geográfica elevaram o cenário de probabilidade de pandemia, salientando-se os potenciais efeitos adversos nas atividades das empresas, nas alterações do quotidiano e nas alterações do comportamento dos consumidores”.

Até meio de fevereiro, o sentimento positivo que se vivia no mercado de açõs devia-se, em parte, às “medidas draconianas aplicadas na China e consequentes expectativas de capacidade na contenção do vírus e, acima de tudo, da capacidade da China em aplicar políticas monetárias e orçamentais expansionistas”, realçou.

No cerne da questão está a capacidade das economias ocidentas “de aplicar medidas tão restritivas como aquelas que foram aplicadas na China” e também perceber “os efeitos na interrupção das cadeias de produção”.

Danos colaterais do Covid-19

Na sessão de 24 de fevereiro, Carlos Almeida identificou que o ouro e a taxa de juro implícita das obrigações a dez anos do Tesouro norte-americano caíram. O metal precioso perdeu 2%, enquanto as taxas de juro caíram para 1,32%, “o valor mais baixo de sempre”. “A este nível, a taxa de juro das obrigações norte-americanas sugerem um menor crescimento económico nos próximos anos ou menores expectativas de inflação”, alertou Carlos Almeida. “No limite, ambos”, adiantou.

Em Itália, a situação também gera preocupação. Sendo a quarta maior economia europeia, Carlos Almeida receia que o coronavírus condicione a região industrial. Paralelamente, o Covid-19 poderá condicionar a aplicação de medidas orçamentais que minimizem o impacto negativo de adversidade económica. Neste capítulo, o diretor de investimentos do Banco Best refere que a taxa de juro italiana a dez anos “continua próxima de 1%, estando 1,5 pontos percentuais superior à da Alemanha”.

Olhando para o futuro próximo, Carlos Almeida defende que as “próximas três semanas serão importantes”, uma vez que no centro das atenções está a propagação do Covid-19 fora da China, ainda que seja “relevante” acompanhar a evolução da doença em território chinês.

 

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