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S&P mantém ‘rating’ de Portugal inalterado, mas riscos económicos do coronavírus “são consideráveis”

Agência manteve a notação da dívida soberana portuguesa em ‘BBB’ e perspetiva ‘positiva’ e não publicou nenhum relatório. Mas numa nota de research sobre Portugal alerta para o impacto do coronavírus e projeta que um défice orçamental de 0,3% do PIB para este ano.
13 Março 2020, 21h11

A Standard & Poor’s (S&P) manteve esta sexta-feira a notação da dívida soberana portuguesa em ‘BBB’ e perspetiva ‘positiva’. A agência norte-americana optou por não publicar nenhum relatório, mas uma tabela mostra que que a avaliação se manteve inalterada, com a data da última apreciação indicada como hoje.

No entanto, numa nota de research (versão premium), a que o Jornal Económico teve acesso, os analistas da S&P sublinham que “os riscos económicos para Portugal derivados do coronavírus são consideráveis” e que “os riscos externos estão a crescer”, antecipando que Portugal deverá ter um défice orçamental de 0,3% do PIB este ano.

“Num cenário de crescimento incerto, é provável que o orçamento volte ao défice este ano, antes de recuperar para um excedente em 2021”, dizem os analistas, justificando que o Covid-19 pode “renovar a pressão crescente sobre a despesa com a saúde”. No entanto, estão mais otimista do que o Governo sobre o saldo orçamental de 2019 e acreditam que Portugal já terá registado um excedente de 0,2%.

“Os riscos económicos resultado do coronavírus em Portugal são consideráveis, uma vez que mais de um quinto das receitas externas de Portugal (e cerca de 8% do valor adicionado bruto) provém do turismo”, refere a recapitulação semanal da S&P, que destaca o custo de 2,3 mil milhões de euros (1,1% do PIB) em medidas orçamentais para apoiar famílias e empresas a lidar com os efeitos do COVID-19 – o que dizem não estar incluído nas projeções orçamentais.

Os analistas da agência dizem ainda que enquanto acompanham a evolução externa, projetam “uma recuperação em forma de U para Portugal a partir do segundo trimestre” e vêem um crescimento do PIB em Portugal de 1,3% e 1,9% para 2020 e 2021.

“A nossa projeção inicial de que a economia portuguesa recuperará no segundo trimestre deste ano significa que ainda estamos a projetar um crescimento real de 1,3% do PIB em Portugal para 2020 em comparação com 0,5% na zona euro, embora essas projeções estejam sujeitas a riscos descendentes devido à incerteza do coronavírus”, acrescentam.

“As autoridades portuguesas usaram prudentemente receitas inesperadas para reduzir a dívida pública. Os riscos para os fundamentos de longo prazo incluem a taxa de poupança relativamente baixa da economia, o envelhecimento da população e a segmentação do mercado de trabalho ainda pronunciada”, apontam.

A nota de research realça ainda que “excluindo os custos com juros, o governo português está a operacionalizar um dos maiores excedentes orçamentais na zona euro, consideravelmente acima do da Espanha, Alemanha, Itália e França”.

Em setembro, S&P subiu ‘outlook’ de estável para positivo 

Na última avaliação, em setembro, a agência norte-americana melhorou o outlook de ‘estável’ para ‘positivo’, destacando a melhoria da composição, maturidade e custos associados à dívida, assim como a capacidade de Portugal cumprir com as suas obrigações. No entanto, deixou o aviso de que “se o risco de refinanciamento externo aumentar ou se houver uma deterioração inesperada e sustentada no desempenho orçamental e de crescimento” poderia descer o ‘outlook’ para ‘estável’.

A agência de notação financeira tinha salientado, nessa altura, a trajetória de redução da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) e destacou que o país tem beneficiado da política monetária implementada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Em janeiro, a Moody’s tinha uma avaliação agendada à notação da dívida soberana portuguesa, mas optou por não se pronunciar, mantendo a notação em ‘Baa3’ com perspetiva ‘estável’. A próxima agência que deverá pronunciar-se sobre Portugal é a DBRS na próxima sexta-feira, dia 20 de março. A agência canadiana avalia atualmente o rating de Portugal em BBB ‘high’ com outlook ‘estável’, enquanto a Fitch está alinhada com a avaliação da S&P.

(Atualizado às 23h19)

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