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“Subida das taxas de juro, se for controlada, não terá um impacto negativo” na qualidade do crédito

“A subida das taxas de juro se for controlada e dentro dos valores que são as nossas previsões – que apontam para uma taxa entre 1% e 2% na Europa – não considero que tenha um impacto negativo significativo na maioria da economia, quer no lado das empresas, quer no lado das famílias”.
  • Cristina Bernardo
29 Julho 2022, 13h36

Em linha com o que defendeu o presidente da CGD, o presidente do BCP e o presidente do Santander Totta, também o presidente do BPI mostrou-se tranquilo em relação à subida dos juros e eventual impacto no malparado dos bancos.

“A subida das taxas de juro se for controlada e dentro dos valores que são as nossas previsões – que apontam para uma taxa entre 1% e 2% na Europa – não considero que tenha um impacto negativo significativo na maioria da economia, quer no lado das empresas quer no lado das famílias. Entendo que há espaço para esse movimento não criar uma disrupção nos rendimentos das famílias para fazer face aos créditos e para não provocar um aumento do malparado das empresas”, disse o presidente executivo do BPI, na apresentação de resultados do primeiro semestre.

O banqueiro respondia à questão do impacto da inflação que hoje, segundo o INE, está 9,1% e atinge máximo desde novembro de 1992. “Claramente esse é o tema mais preocupante”, disse o CEO do BPI que explicou que esta subida do Índice de Preços no Consumidor “vem essencialmente de dois movimentos que são difíceis neste momento contrariar (e não será pela subida dos juros que serão contrariados). Um tem a ver com o estrangulamento das linhas de distribuição, que resulta de um problema entre a procura e a oferta agravado por um cenário de desglobalização, sendo que ainda não se percebeu como é que se vai desbloquear e quando será desbloqueado este estrangulamento”. O outro fator que está a alimentar a inflação, disse João Pedro Oliveira e Costa, é a subida dos preços da energia, “tem-se mostrado ser muito difícil de contrariar porque não há fontes de energia alternativas. A grande prova dos nove vai ser o inverno”. O CEO do BPI alertou que o fim da política “Covid zero” na China criará maior pressão na procura de matérias-primas e de energia, logo nos preços.

Tudo isto provoca abrandamento económico, referiu o banqueiro que lembrou que é positivo que o emprego se mantenha estável.

João Pedro Oliveira e Costa lembrou o papel positivo do turismo na Europa do sul, como motor da economia.

“O BPI tem uma estratégia de cautela e prudência e, por isso, procuramos ter um nível de risco muito baixo, muito capitalizado e com muita liquidez para fazer face a situações inesperadas”, disse o CEO.

Já sobre o risco de incumprimento (subida de malparado com a subida dos juros), o banqueiro lembrou a cobertura da carteira de crédito do BPI por imparidades e colaterais (145%) “é claramente suficiente para fazer face a um cenário mais adverso. É claro que se a situação se agravar significativamente vai haver um aumento de imparidades e incumprimento. Penso que o BPI sempre deu provas que tem soluções para apresentar aos clientes que resolvam os seus próprios problemas, sejam particulares, sejam empresas”.

O CEO do BPI invocou a força do acionista CaixaBank que “tem uma enorme experiência no sector”.

 

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