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Sucessor de estratega de Trump envolto em polémica por defender pedofilia

O livro de Milo Yiannopoulos foi cancelado e o autor foi desconvidado de um evento com o presidente dos EUA, mas já reagiu no Facebook lembrando que ele próprio foi vítima de abuso sexual enquanto criança.
21 Fevereiro 2017, 12h52

Milo Yiannopoulos, o novo editor do meio de comunicação de extrema-direita “Breitbart News”, viu o seu livro ser cancelado por alegadamente defender que não deveria haver uma idade mínima para uma criança ter relações sexuais com um adulto. Yiannopoulos, de 32 anos, substituiu o atual estratega principal de Donald Trump, Steve Bannon que exercia anteriormente o cargo de editor.

A editora Simon & Schuster e a marca editorial Threshold Editions anunciaram esta terça-feira que desistiram de publicar o livro intitulado “Dangerous” (“Perigoso”), “depois de uma consideração cuidadosa”, de acordo com a imprensa internacional. A razão prende-se com declarações polémicas do autor de direita sobre a pedofilia.

Em janeiro de 2016, Milo Yiannopoulos afirmou no seu podcast “Drunken Peasants” que aceita a ideia de relações sexuais entre crianças e adultos, apesar de ser um ponto de vista controverso. “A lei [da idade de consentimento] provavelmente é correta, provavelmente essa é a idade certa”, disse referindo-se a um comentário sobre jovens de 13 anos. “Mas há pessoas que são capazes de consentir em idades mais jovens e eu certamente considero-me uma delas, pessoas que se tornam sexualmente ativas mais cedo”.

Milo Yiannopoulos é homossexual e explicou que as situações de que falava acontecem “particularmente no mundo gay”. “Algumas das relações entre rapazes mais novos e homens mais velhos, o tipo de relações de entrada na vida adulta, são relações em que os homens mais velhos ajudam os rapazes jovens a descobrir quem eles são e dá-lhes segurança, amor e um tipo de estabilidade que eles não têm com os pais”, acrescentou.

O editor referiu ainda no podcast que se não fosse o “padre Michael”, “não seria tão bom a fazer sexo oral”. Não é a primeira vez que Yiannopoulos se vê envolvido em polémicas, mas desta vez as consequências parecem estar a ser mais sérias. O livro, pelo qual o autor já recebeu um adiantamento de 250 mil dólares (cerca de 236 mil euros), não será publicado, pelo menos pela editora inicialmente prevista.

Para além do cancelamento, o editor também foi desconvidado da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC), pelos organizadores do evento onde Donald Trump e os principais assessores da Casa Branca irão estar presentes. “Devido à publicação de um vídeo ofensivo nas últimas 24 horas aprovando a pedofilia, a União Conservadora Norte-Americana decidiu rescindir o convite”, anunciou o presidente da organização, Matt Schlapp, em comunicado.

Milo Yiannopoulos marcou uma conferência de imprensa em Nova Iorque, para hoje às 20 horas de Lisboa, para falar sobre o assunto, mas já reagiu também no Facebook. “Eu sou um homem homossexual e uma vítima de abuso sexual em criança”, escreveu o autor. “Gostaria de reafirmar a minha completa repulsa em relação a adultos que abusam sexualmente menores. Fico horrorizado com a pedofilia e dediquei parte da minha carreira como jornalista a expor casos de abusos a menores”, justificou.

I am a gay man, and a child abuse victim.

I would like to restate my utter disgust at adults who sexually abuse…

Publicado por Milo Yiannopoulos em Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2017

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