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Super-heróis, ajudantes e vilões: quem é quem na economia mundial

Spoiler alert: o Homem de Ferro vai vencer tanto o Capitão América como o Homem-Aranha este ano, pelo menos no que diz respeito ao crescimento económico.
26 Janeiro 2017, 13h25

A zona euro é o Homem-Aranha, a China é o Homem de Ferro e os Estados Unidos são, claro, o Capitão América. Não, não é uma brincadeira de crianças, é mesmo um estudo e bastante sério. “Super-heróis, ajudantes e vilões: os guardiões da economia”´é o estudo que apresenta as previsões de crescimento da economia mundial, mas de uma forma divertida: cada potência representa uma das figuras dos clássicos de banda desenhada que terá de enfrentar vilões para prosperar.

Este ano, o crescimento global do PIB poderá chegar aos 2,8%, segundo a previsão da companhia de seguro de créditos, COSEC. Caso se confirme a previsão, será o sétimo ano em que o crescimento da economia global ficará abaixo dos 3%. A concretização das promessas eleitorais de Donald Trump será, sem surpresa, um dos fatores que mais influenciará o crescimento.

“O crescimento esperado dever-se-á em grande parte aos EUA, à saída da Rússia e do Brasil da recessão, e à resiliência na Europa e na Ásia”, refere o relatório da COSEC. “E tudo dependerá dos superpoderes usados por cada herói, contra os obstáculos criados pelos vilões, e perante fenómenos económicos como o Wolverine dos preços, e o cessar do efeito Magneto nos fluxos financeiros”.

Capitão América vs Homem-Aranha

Confuso? Voltemos então aos super-heróis e vilões. O Capitão América (EUA) vai crescer 2,4% impulsionado pelos estímulos fiscais e pelo regresso da confiança depois das eleições presidenciais e de um ano de incerteza. O relatório projeta um cenário em que as promessas de Trump são parcialmente cumpridas. Dando como certo o pacote de estímulos fiscais, prevê-se também maior investimento privado. Como obstáculos, o Capitão América poderá enfrentar instabilidade política, endurecimento das taxas de juro pela Fed e protecionismo.

No caso do Homem-Aranha (Zona Euro), o crescimento será mais moderado (1,6% este ano). Entre os desafios que se vão colocar no caminho do mutante incluem-se o Brexit, a situação de instabilidade na banca italiana, as eleições holandesas em março, as francesas em abril e as alemãs em setembro. Por outro lado, o super-herói terá ajudantes: política monetária acomodatícia, estímulos fiscais e programas europeus. “Apesar das ameaças populistas, a Europa tem demonstrado uma enorme resiliência política e deverá conseguir suportar eventuais surpresas”.

Mas o super-herói com maior sucesso em 2017 será mesmo o Homem de Ferro (China). No entanto, isto significa a manutenção de um crescimento lento, o que já aconteceu em 2016, face aos 25 anos anteriores. Irá enfrentar adversidades, como o risco de crédito e excesso de capacidade, para evitar ainda maior volatilidade, mas acabará por crescer 6% devido ao forte apoio público e a política monetária acomodatícia no país.

Ao jeito de “Capitão América 3: Guerra Civil”, haverá confrontos entre o Homem de Ferro e o Capitão América. “A tentativa falhada de atingir o estatuto de economia de mercado, e as expetativas de medidas protecionistas dos EUA poderão significar retaliação e tensões políticas acrescidas entre as duas principais economias do mundo. Esperam-se cedências por parte dos EUA e do Japão para a manutenção das suas relações comerciais com a China, e, como consequência, esta potenciará a sua influência externa”, explica o estudo.

O Quarteto emergente

Os países emergentes não foram esquecidos e são aglomerados no Quarteto Fantástico que vão precisar de recorrer aos super-poderes para atrair investidores. O Sr. Fantástico (Coreia do Sul) vai usar a capitalização de reservas e a Tocha Humana (Rússia, Índia e Polónia) recorrerá aos gastos do setor privado. A Mulher Invisível (Brasil e África do Sul) poderá ter sucesso empresarial dependendo de mudanças políticas vigentes, enquanto a Coisa (Turquia e México) terá de enfrentar possíveis desequilíbrios de crescimento.

“O Wolverine dos preços causará uma inflação controlada a nível mundial”, indica o relatório. “Em 2017, serão diversos os fatores a contribuir para um cenário mais positivo do nível de preços: os preços do petróleo beneficiarão de um efeito-base positivo e deverão estabilizar nos 54 dólares por barril; os EUA deverão contribuir para um aumento veloz dos preços; e as políticas de apoio dos Estados começarão finalmente a refletir-se no crescimento da procura. Na China, o setor da construção vai recuperar, apoiando os preços do metal a nível mundial”.

Por outro lado, o comércio global poderá sofrer o impacto do “fim do efeito Magneto”, ou seja, da globalização financeira, o que poderá resultar em maior isolacionismo e para um decréscimo dos fluxos financeiros. Apesar disso, o crescimento do comércio global poderá recuperar 3,5% em 2017, em termos de valor, com as importações dos EUA, Europa e o dos países emergentes a aumentarem. Prevê-se ainda um crescimento do volume das trocas em 2,9%.

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