[weglot_switcher]

‘Super-ministro’ pode tirar o lugar a Centeno

Ainda nem chegou realmente ao cargo e Mário Centeno já pode ter como destino não terminar o mandato como presidente do Eurogrupo ou ver a posição transformar-se noutra diferente.
13 Dezembro 2017, 07h15

O ministro das Finanças português foi escolhido esta segunda-feira para liderar o grupo informal de homólogos da zona euro. Vai tomar posse no dia 13 de janeiro de 2018 para um mandato de dois anos e meio. No entanto, se os projetos da Comissão Europeia avançarem, o calendário pode sofrer alterações.

No pacote de propostas apresentado esta quarta-feira em Bruxelas, prevê-se a nomeação de um ministro da Economia e das Finanças da zona euro, ou uma espécie de ‘super-ministro’.

O escolhido para o cargo (a tempo inteiro) iria acumular funções de vice-presidente da Comissão e de presidente do Eurogrupo. “Se for alcançado um entendimento comum sobre o papel do ministro até meados de 2019, este cargo poderia ser criado no âmbito da constituição da próxima Comissão”, refere o documento.

Caso se concretize, a nomeação de um ‘super-ministro’ ainda em 2019 poderá entrar em conflito com o mandato de Mário Centeno na liderança do grupo informal de ministros das Finanças da zona euro, previsto até meados de 2020.

A ideia de um super-ministro não é nova e os governantes com assento no Eurogrupo já defenderam que o papel do representante da Comissão naquele organismo se deve manter como de observador externo e querem continuar a eleger entre si o presidente.

Grégory Claeys, economista do think tank Bruegel, vê a proposta como “positiva” por ser “importante ter um presidente do Eurogrupo a tempo inteiro, independente e que represente os interesses da zona euro como um todo em vez de estar ligado ao Governo de um dos países”. Apesar disso, Claeys considera que “esta função não deverá ter grandes poderes porque não tem um orçamento da zona euro para gerir”.

O economista salienta que existe uma diferença relativamente pequena nos timings dado que antes de esta pessoa entrar em funções, ainda tem de ser eleita uma nova Comissão Europeia, um processo que nunca é fácil. Além disso, lembra que Portugal tem eleições legislativas marcadas para o mesmo ano, o que significa que Centeno poderá ter de abandonar o cargo pelo próprio pé, como aconteceu ao antecessor Jeroen Dijsselbloem quando perdeu o lugar no governo da Holanda (ficando impedido de se candidatar para um segundo mandato à frente do Eurogrupo).

“Talvez Centeno até se torne o primeiro ministro da Economia e das Finanças da zona euro”, acrescenta Claeys, sobre a possibilidade de o ministro sair do Governo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.