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Sustentabilidade é prioridade para empresas farmacêuticas

A agenda Ambiental, Social e de Governance (ESG) está no core do negócio farmacêutico. As empresas Hovione e Novartis entendem a sustentabilidade de forma integrada e assim a consideram nas suas estratégias.
6 Fevereiro 2022, 11h00

Um marco no caminho para a sustentabilidade. A portuguesa Hovione foi a primeira empresa na indústria química/farmacêutica a nível mundial com a certificação B Corp e orgulha-se, não só do facto, mas de tudo o que este representa.

“Entendemos a sustentabilidade de forma integrada, como parte da nossa estratégia de negócio, e assumindo que o nosso dever vai muito além do estrito cumprimento legal de um código de conduta empresarial. Acreditamos que as empresas devem contribuir para uma sociedade melhor”, afirma Austin Geraghty, Global Health, Safety & Sustainability Senior Director, ao Jornal Económico. O B Corp tem por base as operações das empresas e o modo como os seus modelos de negócio impactam nos funcionários, na comunidade, no meio ambiente e nos clientes.

Criada em 1959 por Ivan e Diane Villax e dois compatriotas húngaros, a Hovione soma mais de 500 patentes a nível mundial em 40 famílias distintas e tem fábricas em Portugal, Estados Unidos, Irlanda e Macau e escritórios em Hong-Kong, Japão, Suíça e Índia. É um player global e, como tal, enfrenta preocupações e responsabilidades a esta escala. “A velocidade das alterações climáticas e os impactos evidentes no mundo exigem que nós, como empresa, enfrentemos o desafio”, adianta o Global Health, Safety & Sustainability Senior Director.

No campo do ambiente — ‘environment’, no original em inglês, que corresponde ao E da sigla ESG — a prioridade tem sido a redução da pegada de carbono. O foco está posto na redução de consumo e descarbonização de energia por utilização de fontes renováveis, nas suas operações nos EUA, na Irlanda e em Portugal. Em concreto, a Hovione tem desenvolvido trabalho no sentido de aumentar a circularidade. “Sempre que possível — explica Austin Geraghty —retornamos os nossos solventes residuais para recuperação e valorização. Desenvolvemos soluções que permitem testar os processos de fabrico com recurso à modelação ou escalas mais pequenas, otimizando assim o consumo de matérias-primas e a produção de resíduos, evitando testes em escalas maiores de modo a reduzir a pegada ecológica”.

O responsável da Hovione salienta a importância de integrar um movimento global crescente de pessoas e empresas “que usa os negócios como uma força para o bem, resolvendo problemas sociais e ambientais, com a visão de que um dia todas as empresas venham a competir, não só para serem as melhores do mundo, mas para serem as Melhores para o Mundo”. A Hovione envolve-se com as comunidades locais nos lugares onde opera, “a apoiar aqueles que ajudam os outros”, através de uma política de responsabilidade social corporativa focada na Educação e Cultura, Apoio Social, Saúde e Bem-estar, Desporto e Segurança e Ambiente.

A suíça Novartis
A Novartis Portugal é um exemplo dentro e fora do grupo: 58% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. A meta estabelecida pela farmacêutica suíça com a Equal Pay International Coalition (EPIC) para alcançar o equilíbrio de género na gestão e melhorar continuamente os processos de equidade salarial/transparência é 2023. Dois anos antes da data fixada, na Novartis Global, o valor atinge já os 45%. E pelo terceiro ano consecutivo, a empresa volta a ser incluída no Gender Equality Index de 2022 da Bloomberg.

“Estamos a construir uma cultura que estimula a curiosidade e promove oportunidades para abraçar e valorizar a diversidade nas nossas perspetivas”, afirma Patrícia Adegas, country Communications & Engagement Head, Novartis Portugal, ao JE.

A Novartis resultou da fusão em 1986 das históricas farmacêuticas suíças Ciba-Geigy e Sandoz, sendo hoje um conglomerado global de medicamentos que chega a mais de 750 milhões de doentes no mundo. “Temos nas nossas mãos a capacidade de influenciar e contribuir para uma resposta global a desafios de saúde complexos e, por isso, temos dado passos significativos para integrar a nossa agenda Ambiental, Social e de Governance (ESG) no core do nosso negócio”, explica Patrícia Adegas. Além das pessoas e de assegurar boas condições de saúde e bem-estar para as populações, as prioridades vão para a redução da pegada ecológica.

As metas estão calendarizadas e são ambiciosas: tornar as operações neutras em emissões de carbono em 2025 e alargar este objetivo a toda a cadeia de valor até 2030. Reduzir para metade o consumo de água nas operações da empresa até 2025 e atingir a neutralidade em todas as operações em 2030. Atingir a neutralidade no consumo de plástico em 2030.

Em Portugal, a Novartis emprega cerca de 400 pessoas. Nas suas instalações no Taguspark, em Oeiras, não entram já plástico nem outros materiais consumíveis. E este ano deu-se início à alteração gradual da frota da empresa, de veículos com motores de combustão para veículos com motores movidos por energias alternativas.

Aí decorre atualmente “uma avaliação de materialidade local”, que visa ajudar a entender as questões que mais importam aos colaboradores, parceiros e clientes externos. “Permite-nos capturar o nosso impacto de uma forma não financeira e ajuda-nos a estabelecer prioridades que suportam o nosso pensamento estratégico”, conclui Patrícia Adegas. Melhorar é o fim.

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