O tema da sustentabilidade está na ordem do dia. Cidadãos, empresas, organizações, associações, cada um de nós, no desempenho dos seus papéis, é chamado a assumir as suas responsabilidades na preservação do planeta e no bem-estar social.

Apesar do conceito de sustentabilidade estar cada vez mais enraizado e amplamente disseminado, impõe-se clarificar o seu significado que é, hoje, transversal a todas as áreas da sociedade.

Destacaria uma definição que aprecio particularmente e que nos apresenta uma visão mais agregadora do termo: “sustentabilidade é satisfazer as necessidades do presente, sem nunca comprometer a capacidade das gerações vindouras puderem satisfazer as suas necessidades futuras”.

A aceção de sustentabilidade, num sentido mais amplo, implica mais do que o (difícil) equilíbrio entre o consumo presente e a capacidade de produção/consumo futura. É fundamental encontrar o “sweet spot” dos denominados três pilares ou três P’s– Profit, Planet e People – para se atingir o almejado ecossistema sustentável.

O Planet, ou pilar Ambiental, é o mais reconhecido e imediatamente relacionado com o termo “Sustentabilidade”. Implica produzir mais e melhor, consumindo menos recursos e menos materiais e adotando práticas regenerativas, numa lógica de economia circular.

O People, ou pilar Social, é essencial numa política de “Sustentabilidade”, seja governamental ou organizacional. O desenvolvimento sustentável não é sequer possível e viável se uma organização não adotar políticas de equidade social, de promoção e de integração da comunidade nas suas ações, que devem ser claras, transparentes e ter um impacto positivo.

O Profit, ou pilar Económico, é normalmente secundarizado e raramente referido quando se fala em “Sustentabilidade”. Contudo, é essencial para a mudança de paradigma, quer nos sistemas de produção, quer na utilização de matérias-primas novas e na regeneração de materiais. O desenvolvimento e crescimento sustentável deve (e tem de) funcionar como solução de problemas e nunca como criador de fragilidades económicas.

Na verdade, qualquer solução “Sustentável” em termos ambientais ou sociais, se não tiver uma consequência positiva em termos económicos está, quase sempre, condenada ao fracasso.

Se, antigamente, as empresas representavam apenas produtos e serviços, hoje personificam ideais e formas de estar no mundo e em sociedade. O ativismo corporativo, seja de índole social ou ambiental, hoje tão em voga, reflete exatamente esta preocupação das organizações e a necessidade da sua interferência ou tomada de posição relativamente a matérias que impactam a sociedade.

Os grandes temas sensíveis e transversais a toda a população não podem ser esquecidos pelas organizações. Este sentido de missão e a incorporação no propósito das marcas desta sensibilidade é atualmente um dos critérios de escolha de seis em cada dez millennials para trabalhar nas empresas. Vemos este fenómeno quando no conflito entre a Ucrânia e a Rússia assistimos a uma vigorosa tomada de posição por parte das grandes multinacionais, que assumem de forma clara e inequívoca de que lado estão ao sacrificarem os seus “profits” atuais e futuros, alinhados com as expetativas dos seus consumidores.

É, pois, crucial incentivar a implementação de políticas de preservação ambiental bem como de atividades com reduzido impacto ambiental. Por outro lado, é essencial diminuir as desigualdades sociais, através do reforço de um equilíbrio maior entre as ofertas de trabalho e o rendimento auferido e, ainda, ser ativo na defesa de valores sociais e humanos basilares de um ambiente social livre, cada vez mais justo e equitativo. Só desta forma será possível equilibrar os três pilares – económico, ambiental e social – presentes no conceito de desenvolvimento sustentável.