[weglot_switcher]

Syriza retoma agenda política ‘radical’ para atrair apoiantes

“Tornou-se importante para o Syriza lembrar ao seu círculo eleitoral que ainda tem uma agenda ativista radical e que não amoleceu perante a pressão dos monitores de resgate financeiro”, explica o comentador político Aris Hatzis.
  • Yves Herman / Reuters
30 Agosto 2017, 14h53

Os sucessivos apertos financeiros e reformas impostas pelo programa de resgate financeiro foram um golpe duro para a Grécia e para o partido no poder, o Syriza. Com a popularidade em queda vertiginosa nas sondagens, a coligação da esquerda radical, liderada por Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, procura agora reavivar algumas das suas ideologias consideradas radicais para atrair os seus principais apoiantes.

“Tornou-se importante para o Syriza lembrar ao seu círculo eleitoral que ainda tem uma agenda ativista radical e que não amoleceu perante a pressão dos monitores de resgate financeiro”, explica Aris Hatzis, professor de direito da Universidade de Atenas e comentador político.

Entre as medidas que o Syriza tem vindo a adotar nos últimos meses está o apertar do cerco aos tradicionais “inimigos do partido”: advogados e médicos de classes abastadas, académicos formados no estrangeiro e investidores privados. A nova legislação aprovada por Alexis Tsipras estipula um reforço do volume de impostos sobre estes profissionais e dos padrões académicos.

Os analistas acreditam que o Syriza quer, com estas medidas adotadas, recuperar o seu posicionamento na fação mais à esquerda e mostrar que este não ficou comprometido com o programa de assistência financeira ao país. Isto acontece depois de a Grécia concluir com sucesso a segunda revisão do resgate, com amplos elogios dos credores, União Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI).

Nas pesquisas de opinião, o partido conservador da Nova Democracia lidera as preferências dos gregos com dois dígitos de avanço sobre a Syriza. Nas ruas, a onda de protestos contra o Governo e as medidas de austeridade não para de aumentar, apesar dos sinais de retoma na economia.

Atenas voltou ao mercado de dívida soberana, pela primeira vez em três anos, em julho, com uma emissão de títulos de 3 mil milhões de euros. O Governo grego está concentrado na implementação de reformas económicas, depois de ter chegado a acordo com os parceiros europeus para continuar a receber financiamento do Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia no valor de 86 mil milhões de euros.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.