A injeção de 1,2 mil milhões de euros na TAP “está ao nível do que aconteceu no Novo Banco, é disso que estamos a falar”, disse Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, em conferência de imprensa marcada para comentar o negócio da TAP, depois de ter interposto uma providência cautelar para impedir essa injeção de capital.
Desde logo, a injeção de capital terá obrigatoriamente que pagar o lado mais ruinoso do negócio da TAP: a operação no Brasil, onde a operadora tem duas empresas de manutenção e que criam prejuízo sistemático. Portugal vai investir parte dos 1.2 mil milhões no Brasil?, questiona Nuno Botelho. “O problema da TAP devia ser resolvido em conjunto com o Governo brasileiro”, afirmou. O acumulado de resultados negativos nos últimos dez anos, cerca de 500 milhões de euros, são em parte muito substancial da responsabilidade da operação no Brasil.
E propõe uma alternativa: “o Governo vai ter que reestruturar a TAP, terá de alienar ou proceder à insolvência das empresas que geram prejuízos”. Ou seja, há uma TAP má e a TAP boa, “ou nova TAP”, como lhe chamou Nuno Botelho.
Devia também aplicar-se a criação de um programa de desenvolvimento de rotas, que permita à operadora obter novas rotas que não sejam todas elas concentradas em Lisboa. “Seriam 20 milhões de euros anuais para este programa”, a aplicar em todos os aeroportos que não o de Lisboa. Associação de Turismo Porto e Norte seria, no seu entender, a agência ideal para decidir a aplicação desta verba – sucedendo o mesmo nas restantes regiões do país.
“Tenho muita dificuldade em compreender que o Estado injete dinheiro numa empresa que não presta serviço público”, disse Nuno Botelho, que espera que a empresa regresse o mais rapidamente possível às mãos dos privados. “Mas quem quererá uma empresa daquelas?”
Em termos genéricos, a ACP considera que o Estado já ‘derreteu’ mais de 25,5 mil milhões de euros, (mais de 10% do PIB) em negócios ruinosos, principalmente na área financeira (BPN, BES, CGD), que incidem diretamente sobre a bolsa de todos os portugueses sob a figura de impostos.
Relativamente à Efacec, “estamos a falar de uma empresa viável, a resolução do Estado é meramente pontual e transitória”.
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