O vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz disse que as declarações do ex-ministro Pedro Nuno Santos sobre a TAP mostram que o Governo tem problemas de comunicação internos e uma “incapacidade crónica de lidar bem com a verdade”.
“Urge-se clarificar toda esta situação da TAP. Mas mais importante do que resolver o problema da TAP é resolver uma questão interna dentro deste governo, que é a incapacidade crónica de lidar bem com a verdade e incapacidade crónica de conviver com o escrutínio saudável em democracia”, referiu Miguel Pinto Luz em declarações à agência Lusa.
O ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, confirmou hoje que deu “anuência política” para saída da TAP de Alexandra Reis, acrescentando que foi informado “do valor final do acordo” entre as partes.
Para o dirigente do PSD, estes novos dados “são graves”, lembrando que quando o ministro Pedro Nuno Santos nomeou Alexandra Reis para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV) “sabia da indemnização” de 500.000 euros.
“Portanto, sabendo da indemnização, nomeando para a NAV informou ou não as Finanças nessa altura da indemnização? É mais um dado relevantíssimo para toda a análise neste processo”, vincou Miguel Pinto Luz.
Para o vice-presidente dos sociais-democratas, os esclarecimentos prestados hoje por Pedro Nuno Santos são “uma confirmação de que não há comunicação dentro do governo”.
“O governo vive bem com a verdade que é às fatias, aos bochechos, a pouco e pouco, que vai encontrando verdades dentro das inverdades e encontra mais inverdades. É uma postura recorrente do governo”, sublinhou ainda.
Questionado sobre o impacto que as recentes informações podem ter na comissão de inquérito à gestão da TAP, Miguel Pinto Luz salientou que o PSD “não anseia” os problemas da companhia área portuguesa.
“Agora, tendo já este histórico da verdade vir por camadas, esperamos que nesta comissão de inquérito se possa de uma vez por todas colocar a nu toda a verdade”, acrescentou.
Pedro Nuno Santos esclareceu que afinal havia sido informado da indemnização da TAP paga a Alexandra Reis assumindo que autorizou o pagamento da mesma. O ex-governante afirma ter encontrado esta quinta-feira uma comunicação da qual não tinha memória e que aborda a compensação a ser paga à então administradora da companhia aérea.
O antigo ministro das Infraestruturas e Habitação, que se demitiu na sequência precisamente do caso da indemnização paga à então recém-nomeada secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, aquando da sua saída da TAP, admite que foi num exercício de tentativa de “reconstruir a fita do tempo” que se deparou com uma comunicação informal com a sua chefe de gabinete e o secretário de Estado Hugo Mendes.