O ano de 2022 foi sinónimo da taxa de desemprego anual mais baixa em mais de uma década, tendo esta ficado, ainda assim, acima da estimativa do Governo. De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto de Estatística Nacional (INE), o indicador em causa fixou-se em 6%, acima dos 5,6% projetados pelo Executivo de António Costa e pelo Conselho das Finanças Públicas, mas também dos 5,9% apontados pela Comissão Europeia e pelo Banco de Portugal.
Depois de ter recuado 0,4 pontos percentuais entre o primeiro e o segundo ano da pandemia, a taxa de desemprego desceu, em termos homólogos, 0,6 pontos percentuais para os tais 6%, sendo este o valor mais baixo de toda a série estatística, que arranca em 2011, destaca o gabinete de estatísticas.
No Orçamento do Estado para 2022, o Governo tinha apontado para uma taxa de desemprego de 6%, mas acabou por rever essa estimativa para 5,6% no cenário macroeconómico do Orçamento do Estado para 2023. Assim, a taxa que se veio a efetivamente a verificar ficou acima da projeção feita pelo Executivo de António Costa.
De resto, em termos mensais, o fim de 2022 ficou marcado por agravamentos consecutivos do desemprego, mas a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, já disse que considera, por agora, que esta trajetória não é relevante.
E os dados divulgados esta quarta-feira pelo INE confirmam esse esse agravamento do mercado de trabalho: no quarto trimestre, a taxa de desemprego subiu para 6,5%, sendo este o segundo aumento consecutivo.
Os economistas ouvidos pelo Jornal Económico dizem, à semelhança do Governo, que não estão ainda preocupados. Porém, já antecipam novos aumentos, nos próximos meses, e admitem que a taxa chegue mesmo aos 7%.
Já em termos absolutos, 313,9 mil pessoas estiveram desempregadas em Portugal no último ano, menos 24,9 mil do que em 2021 (o equivalente a um decréscimo de 7,3%) e também o valor mais baixo desde 2021.
Para essa variação, contribuíram principalmente, indica o INE, os recuos sentidos entre os homens (-10,6%), as pessoas dos 16 aos 24 anos (-16%), com ensino superior (-14,4%) ou ensino secundário ou pós-secundário (-10,2%), à procura de novo emprego (-8,6%) e desempregadas há menos de 12 meses (-10,3%).
A propósito, o gabinete de estatísticas avança que a taxa de desemprego jovem (isto é, referente aos portugueses com 16 a 24 anos) caiu significativamente em 2022. Em causa está um recuo homólogo de 4,4 pontos percentuais para 19%.
Por outro lado, a proporção de desempregados de longa duração cresceu para 45,2%, mais 1,8 pontos percentuais do que em 2021. Desses desempregados, 63,7% estavam nessa situação há 24 ou mais meses, isto é, eram desempregados e muita longa duração.
População inativa recua para mínimos de 2011
Já a população empregada aumentou no último ano para 4.908,7 mil pessoas, mais 96,4 mil do que em 2021, o correspondente a uma subida de 2%, revela o INE. “Em 2022, a taxa de emprego situou-se em 56,5% e aumentou 1,2 pontos percentuais em relação a 2021”, acrescenta o gabinete de estatísticas.
Quanto à população ativa, verificou-se uma subida homóloga de 1,4% para 5.226 mil pessoas. Em contraste, a população inativa recuou 1,7% para 5.045 mil pessoas, “correspondendo à média anual mais baixa desde 2011”. Também a taxa de inativa registada em 2022 foi a mais baixa desde 2021: 40,7%.
Por fim, no que diz respeito à subutilização do trabalho, verificou-se um recuo de 1,1 pontos percentuais dessa taxa para 11,4%. “A população desempregada representou pouco mais de metade (51,1%) da subutilização do trabalho, enquanto o peso do subemprego de trabalhadores a tempo parcial aumentou 1,7 pontos percentuais para 22,9%”, detalha o INE.
E acrescenta que o grupo dos inativos disponíveis, mas que não procuram emprego tornou-se em 2022 a terceira componente com mais peso na subutilização do trabalho (21,0%), abrangendo 128,7 mil pessoas. Já os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis para trabalhar (30,7 mil) corresponderam a apenas 5,0% da subutilização do trabalho.
Atualizada às 11h50