A instituição liderada por Carlos Costa demonstra mais otimismo sobre a descida do desemprego que o próprio Governo. Segundo as estimativas do banco central, divulgadas no Boletim Económico esta sexta-feira, a taxa de desemprego será de 8,9% este ano, descendo para 7,8% e 6,7% nos dois anos seguintes, respetivamente, antes de chegar aos 6,1% em 2020.
No Orçamento do Estado aprovado no final de novembro, o Governo prevê que o desemprego se situe em 9,2% este ano e em 8,6% em 2018. Para os dois anos seguintes as previsões do Executivo são mais antigas, datam de abril, quando divulgou no Programa de Estabilidade que previa desemprego nos 8,6% para 2019 e 8% em 2020.
O Banco de Portugal explicou esta sexta-feira que o mercado de trabalho deverá prosseguir a trajetória de recuperação dos anos mais recentes. “Depois de uma subida de 3,1% em 2017, o emprego deverá continuar a crescer até 2020, ainda que a um ritmo inferior ao do PIB (1,6% em 2018, 1,3% em 2019 e 0,9% em 2020). A taxa de desemprego manterá uma trajetória descendente, atingindo 6,1% no final do horizonte de projeção”.
Adiantou que os ganhos de emprego resultam essencialmente da evolução do emprego privado, enquanto a recuperação do emprego público será mas mais moderada. No final do horizonte de projeção o nível do emprego irá situar-se ainda em níveis cerca de 2% abaixo dos observados antes da crise financeira internacional.
“Para a população ativa projetam-se variações ligeiramente positivas ao longo do horizonte de projeção, tendo em conta que a recuperação cíclica da economia levará ao regresso ao mercado de trabalho de alguns indivíduos inativos, como os desencorajados uma tendência já observada nos últimos anos”, sublinhou.
Acrescentou, no entanto, que a manutenção das dinâmicas populacionais recentes, caracterizadas por um saldo natural e migratório negativo, não deverão permitir que a população ativa retome os níveis observados antes da crise financeira internacional.
“A conjugação destes fatores implica a continuação da tendência descendente da taxa de desemprego iniciada em 2014, para um nível de 6,1% em 2020, um valor ligeiramente superior à média observada até ao início da década de 2000, altura em que a taxa de desemprego começou a aumentar”.
Produtividade em queda
O crescimento rápido do emprego por comparação com o da atividade nos anos mais recentes tem-se traduzido numa redução da produtividade do trabalho desde 2014, tendência que se irá manter em 2017, explicou o banco central, adiantando que a fraca evolução da produtividade neste ciclo de recuperação é extensível a outros países da área do euro, embora os determinantes do fenómeno sejam diferentes nos vários países.
“No caso português, a evidência disponível aponta para que este seja um fenómeno de origem predominantemente intrassectorial, que poderá ter origem numa afetação de recursos aquém do ótimo que permitiria atingir a fronteira de possibilidades de produção”.
Um dos fatores a ter em conta neste contexto são os níveis de capital por trabalhador, baixos em comparação com a área do euro, e que foram severamente afetados pelo período recessivo iniciado em 2008, explicou.
“Com base num exercício de contabilidade do crescimento, conclui-se que o fator trabalho será o principal determinante do crescimento médio do PIB per capita no horizonte de projeção (cerca de 1 pp)”, sublinhou o Banco de Portugal.
“O capital humano irá manter um contributo positivo para o crescimento do PIB per capita, devendo ser o fator com maior contributo no final do horizonte de projeção (0,6 pp) e esta evolução enquadra- se numa trajetória estrutural de aumento das qualificações médias da população portuguesa, que ainda são relativamente baixas por comparação com padrões europeus”, concluiu.
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