A taxa de desemprego em novembro de 2018 deverá manter a sua trajetória estável. A confirmar-se a previsão do INE desta terça-feira, a taxa será de 6,6%, percentagem igual à de setembro e outubro. Face a novembro de 2017, a taxa de desemprego tem menos 1,8 pontos percentuais (p.p.).

Com uma taxa de 6,6%, desde setembro de 2002 que não era observada uma taxa de desemprego tão baixa, aponta o INE.

Nas estimativas mensais de emprego e desemprego, o organismo de estatística nacional reviu em baixa 0,1 p.p. a sua previsão anterior de outubro da taxa de desemprego para os 6,6%.

Em declarações ao Jornal Económico, João Cerejeira, professor na Universidade do Minho e especialista em economia do trabalho e da educação, avalia os dados divulgados como “muito positivos”.

“Com uma descida em termos homólogos de 1,5 p.p., embora se note um abrandamento na descida nos últimos meses. Esta desaceleração coincide com uma menor taxa de crescimento do PIB e com uma taxa de emprego de 62,2%, muito próxima dos valores máximos observados nas últimas duas décadas”, refere.

Também Ricardo Sant’Ana Moreira, investigador em trabalho e segurança social, realça que “os números do desemprego dão conta de uma situação claramente positiva”, considerando que a redução da taxa de desemprego e a criação de emprego “parece manter-se ancorada na dinâmica do mercado interno, ou seja, é ainda reflexo da estratégia de reposição de rendimentos”.

Em setembro, Portugal registou uma taxa de desemprego de 6,6%, menos 0,3 (p.p.) que no mês anterior, menos 0,2 p.p. em relação a três meses antes e menos 2,0 p.p. que no mesmo mês de 2017. A taxa de desemprego em outubro em Portugal compara com a taxa de desemprego na zona euro e na União Europeia (UE), com Portugal a registar a quarta quebra homóloga, segundo o Eurostat.

Na zona euro, a taxa de desemprego recuou para os 8,1% em outubro, face aos 8,8% homólogos, mantendo-se estável na comparação com setembro.

João Cerejeira explica que “é de prever uma estabilização da taxa de desemprego em valores próximos dos 6%”, com o crescimento do emprego a ser “mais moderado por dois motivos”.

“Em primeiro lugar a proporção de portugueses em idade ativa e a trabalhar está próxima dos valores máximos dos últimos vinte anos; em segundo lugar, o crescimento de atividades, como o turismo, que justificou parte do crescimento dos último anos, deverá ser também menor”, acrescenta.

No entanto, Ricardo Sant’Ana Moreira defende que os desempregados de longa duração representam cerca de metade do total de pessoas desempregadas e que no atual cenário “o crescimento do emprego está a deixar para trás uma população que está a ter enormes dificuldades em voltar ao mercado de trabalho depois de ter sido afetada pela crise”.

O investigador destaca ainda a qualidade do emprego criado: “Apesar de uma ligeira melhoria dos rendimentos do trabalho, aportado principalmente nas subidas do salário mínimo, o emprego criado é tipicamente precário e mal pago. Para além disso, está muito circunscrito a setores dependentes da conjuntura económica, como o turismo”.

(Atualizada às 12h31)