Taxa média dos novos depósitos atinge 0,35%, a mais baixa da zona euro

Enquanto a remuneração dos depósitos continua baixa, a taxa de juro dos novos empréstimos para a compra de casa fixou-se em 3,24% em 2022, um máximo desde julho de 2014.

A taxa média dos novos depósitos a prazo de particulares foi de 0,35% em dezembro do ano passado. Isto coloca Portugal em último lugar na tabela da remuneração dos países da zona euro, apesar de os bancos centrais terem iniciado em 2022 a normalização da política monetária com a subida das taxas de juro.

“Em 2022, o montante de novos depósitos a prazo de particulares foi de 49.393 milhões de euros (43.016 milhões em 2021), remunerados, em dezembro, a uma taxa de juro média de 0,35% (0,04% em dezembro de 2021)”, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal sobre as taxas de juro e montantes de novos empréstimos e depósitos.

Do montante dos novos depósitos constituídos, 88% foram aplicados em depósitos a prazo até um ano, remunerados, em dezembro, a uma taxa de juro média de 0,30% (0,04% em dezembro de 2021).

“Além da remuneração dos depósitos de particulares permanecer abaixo da média da área do euro, Portugal era, em dezembro de 2022, o país com a taxa média dos novos depósitos de particulares mais baixa”, salienta o regulador liderado por Mário Centeno.

No caso das empresas, em 2022, os novos depósitos a prazo de empresas totalizaram 21.513 milhões de euros, dos quais 96% foram aplicados em depósitos a prazo até um ano. No final do ano, a remuneração média destes depósitos era de 0,97%, acima da oferecida no final de 2021 (0,06%).

“A taxa de juro dos novos depósitos a prazo até um ano foi sistematicamente superior à praticada na área do euro, em particular durante 2020, ano em que a taxa média praticada na área do euro foi negativa. Em agosto de 2022, este comportamento inverteu-se e, desde então, a remuneração dos depósitos na área do euro tem superado as taxas praticadas em Portugal, com um diferencial crescente [0,05 pontos percentuais (pp) em agosto, 0,42 pp em setembro, 0,46 pp em outubro, 0,69 pp em novembro e 0,79 pp em dezembro]”, indica o Banco de Portugal.

Juros no crédito da casa mais do que triplicam

Em 2022, os bancos concederam 23.878 milhões de euros de novos empréstimos às famílias, o que representa um aumento de 1.908 milhões do que em 2021. “Por finalidade, foram concedidos 16.156 milhões de euros para novos empréstimos à habitação, 5.377 milhões de euros para consumo e 2.345 milhões de euros para outros fins, mais 886, 891 e 132 milhões de euros do que em 2021, respetivamente”, de acordo com os dados divulgados.

Já a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação mais do que triplicou em 2022, relação a 2021, subindo de 0,83% em dezembro de 2021 para 3,24% em dezembro de 2022. “Esta subida acompanha a trajetória das taxas Euribor, que, em dezembro, foram em média 3,03% no prazo a 12 meses, 2,57% a 6 meses e 2,07% a 3 meses (-0,50%, -0,54% e -0,58% em dezembro de 2021, respetivamente)”, afirma o regulador. Em dezembro de 2022, a taxa de juro média dos novos empréstimos ao consumo foi de 7,97% (7,18% em dezembro de 2021).

Nas empresas, o montante de novos empréstimos concedidos pelos bancos foi de 22.055 milhões de euros, mais 1.229 milhões do que no ano anterior. Foram concedidos 12.442 milhões de euros nos empréstimos até um milhão de euros e 9.16 milhões nos empréstimos acima de um milhão de euros.

Por outro lado, a taxa de juro média dos novos empréstimos às empresas mais do que duplicou no último ano, aumentando de 2% em dezembro de 2021 para 4,44% em dezembro de 2022.

Contratos renegociados aumentam em 2022

O Banco de Portugal dá ainda detalhes sobre a evolução dos créditos renegociados ao longo do ano passado.

“A percentagem de contratos renegociados aumentou ao longo de 2022. No final do ano, estes contratos representavam 22% do total de novas operações de crédito para habitação própria permanente”, refere a entidade liderada por Mário Centeno.

O regulador indica ainda que o “peso dos contratos renegociados por incumprimento manteve-se ao longo do ano, situando-se em torno de 1% do total de novos empréstimos para habitação própria permanente”.

Por outro lado, o montante de amortizações antecipadas parciais e totais aumentou desde o último trimestre de 2022. “As amortizações antecipadas efetuadas ao longo de 2022 totalizaram 6,7% do stock de empréstimos no final do ano”, remata.

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