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Teixeira dos Santos defende que aumentar pensões e Função Pública não alimentaria inflação

Em entrevista ao Público, o ex-ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos não só não acredita que aumentar as pensões e os salários da Função Pública alimentaria a espiral inflacionista, como atira que o Governo tem de esclarecer melhor o argumento utilizado pelo Governo para limitar as atualizações regulares a que os pensionistas teriam direito.
24 Setembro 2022, 16h00

O antigo ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos defende que avançar com aumentos das pensões e até dos salários dos funcionários públicos não aumentaria a espiral inflacionista. Esta posição, que foi expressa este sábado em entrevista ao Público, contrasta com a assumida pelo Governo, que já sinalizou que está a preparar atualizações salariais para a Administração Pública significativamente abaixo da evolução dos preços, o que se tem sido criticado duramente pelos sindicatos.

“É-me difícil perceber em que é que o aumento das pensões e até mesmo o aumento dos vencimentos da Função Pública vão fazer aumentar o custo de produção das empresas. Essa inflação é aumentada pelo aumento de custos e não estou a ver em que é que os vencimentos da Função Pública e as pensões entrem directamente nos custos das empresas. Poderá ter um efeito de arrastamento na negociação salarial do sector privado… mas não há um impacto significativo que possa ser decisivo no aumento dos custos e consequentemente na alimentação dessa espiral inflacionista”, sublinha o ex-governante.

Quanto ao argumento de que é preciso limitar as atualizações regulares das pensões em prol da sustentabilidade da Segurança Social, Teixeira dos Santos frisa que o Governo tem falado apenas da despesa e não receita. “O mercado de trabalho está com alguma tensão, os salários tenderão a subir, as contribuições para a Segurança Social tenderão também a subir, as próprias despesas da Segurança Social com o desemprego não é previsível que venham a aumentar de forma significativa. Do lado da receita, a sustentabilidade não está comprometida, até pelo contrário. Até pode ter aí algum auxílio. Não me parece que isto tenha sido suficientemente esclarecido. Olhar só para o lado da despesa pode ser enganador”, observa o antigo ministro.

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