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Teleférico viola património natural do Curral das Freiras, diz Bloco de Esquerda-Madeira

“O que estamos a assistir é a descaracterização desta paisagem e a destruição deste património, que está integrado na Rede Natura 2000 e que, também por isso, o Governo Regional tem o dever e a obrigação de proteger.”, destacou Dina Letra, coordenadora regional do Bloco de Esquerda.
2 Março 2022, 12h50

O Bloco de Esquerda-Madeira (BE-M) manifestou-se contra o projeto do teleférico do Curral das Freiras, citando razões que remontam à conservação ambiental da região, bem como a “opacidade e falta de transparência” no projeto por parte do Governo Regional.

O BE-M refere que, no que diz respeito à conservação ambiental, é importante preservar o património natural e geológico do Curral das Freiras, região que integra a rota migratória e de nidificação de algumas espécies protegidas, particularmente da ave freira da madeira.

“O que estamos a assistir é a descaracterização desta paisagem e a destruição deste património, que está integrado na Rede Natura 2000 e que, também por isso, o Governo Regional tem o dever e a obrigação de proteger.”, destacou Dina Letra, coordenadora regional do Bloco de Esquerda.

Dina Letra frisou ainda a importância de preservar a beleza natural das paisagens da ilha porque é o que mais marca e distingue a região no que diz respeito ao turismo. “Continuar com opções de investimento que privilegiem o betão é um erro e dizer que o teleférico é ecológico é atirar areia para os olhos dos tolos. Qualquer intervenção humana na natureza tem efeitos diretos nos ecossistemas e na biodiversidade das áreas alvo dessa intervenção.” reforçou.

Um segundo motivo de crítica à obra remete para a questão de quem será o proprietário do investimento. “Todos já percebemos que este projeto do teleférico do Curral das Freiras está envolto numa grande opacidade e falta de transparência. Como aliás tem sido sempre a atuação do PSD ao longo dos anos de governação da Região”, acusou a coordenadora do BE-M.

“Sabemos que este é um projeto privado, que têm 31 milhões de euros disponíveis para investir no Curral das Freiras. Porque é que não são os privados a comprarem os terrenos diretamente? Certamente os proprietários desses terrenos ganhariam mais com essa venda direta”, interrogou-se, questionando ainda o porquê de ser o Governo Regional “expropriar os terrenos, a lançar o concurso internacional e a gastar dinheiro dos contribuintes madeirenses num projeto privado”, considerou.

Dina Letra salienta ainda que não se sabe ainda se o executivo regional irá incluir este projeto no PRR, considerando que esta ação seria grave, “já que essas verbas são para medidas estruturais para benefício de toda a população e não para apoiar projetos privados ou que serão posteriormente concessionados a interesses privados”, alertou.

Deste modo, o Bloco de Esquerda considera que o dinheiro dos impostos deve ser utilizado “para benefício de toda a população e não para o benefício de interesses privados. Assim, a segurança da população do Curral das Freiras deve ser prioritária, segundo o BE, “quer através da permanência de meios de socorro, quer através da vigilância e limpeza constante das escarpas sobranceiras da freguesia e das suas linhas de água quer através da construção de uma nova via de acesso, com ligação direta ao centro do concelho”, sugeriu o partido.

Dina Letra acrescenta ainda que é “vergonhoso que 12 anos depois do 20 de fevereiro, estamos a falar de três governos do PSD, só agora haja 1 milhão de euros para dar alguma segurança a quem cá vive e só agora estejam a intervir no Ribeiro da Achada”.

No que diz respeito ao turismo, a sua promoção, para o BE-Madeira, deve ser feita através de atividades sustentáveis, como o pedestrianismo: “temos os caminhos reais, levadas e muitos trilhos pedestres (alguns deles a necessitar de limpeza), ou a observação das aves, da flora desta paisagem natural que é única e o principal motivo de atracção para os turistas” sugeriu o BE.

Acusando o Presidente do Governo Regional de autoritarismo nas suas ações, o BE admite que o projeto deve avançar, mas questiona se a avaliação de impacto ambiental, que terá uma discussão pública no início de março, não será “um mero formalismo”. O BE teme ainda que a secretária regional do Ambiente, bem como o diretor regional do Ambiente e o presidente do instituto das florestas e da conservação da natureza, sejam “meros fantoches ao serviço do PSD e dos interesses privados”, que ao logo de vários projetos ligados à questão ambiental, ” nada têm feito pela defesa do património natural e ambiental do arquipélago da madeira, como aliás já ficou bem patente no projeto da estrada das Ginjas”, concluiu a coordenadora regional do Bloco de Esquerda, Dina Letra.

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