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“Terras do Sul”, a Patagónia aqui tão perto

O Festival de Almada leva ao palco do Fórum Municipal Romeu Correia as questões que rodeiam a violência sobre os povos nativos da América Latina, mais concretamente nesse local recôndito que é a Patagónia. Os problemas alheios também são os nossos.
12 Julho 2022, 15h25

A expressão “Terras do Sul” remete para muitos universos imaginários e literários. Desde logo Chatwin – pois, tinha que ser –, mas também Francisco Coloane, escritor chileno e autor de um périplo extraordinário que no original recebeu o nome de “La Tierra del Fuego se apaga”, sem esquecer um conterrâneo seu que nos deixou em abril de 2020, às garras da Covid, Luis Sepúlveda.

E se durante os confinamentos da pandemia as memórias de quem percorreu esse território de fim do mundo que é a Patagónia e a Terra do Fogo foram amiúde reavivadas para das paredes se fazer paisagem a perder de vista, também é muito natural que os dedos tenham percorrido a estante em busca de textos que fazem viajar. Um deles poderá muito bem ter sido – e continuará a ser – “Últimas Notícias do Sul”, que a pluma de Sepúlveda tentou descrever e as fotografias de Daniel Mordzinski procuraram fixar.

Vem isto a propósito da peça “Terras do Sul” (Tierras del Sud), uma coprodução Azkona&Toloza (Antic Teatre, Festival TNT | França e Chile) que integra o programa deste fim de semana do Festival de Almada. E do que trata esta peça? Embora menos de 5% da população argentina viva na Patagónia, esta região ocupa cerca de metade do território e concentra a maior parte das reservas de água potável e energia hidroelétrica. Mas não só. Segundo o “The New York Times”, também é aqui que se encontra 80% do petróleo e gás natural da Argentina.

Neste teatro documental, questiona-se a estreita relação entre as grandes fortunas estrangeiras, a violência sobre os povos nativos da América Latina, o desenvolvimento de novas formas de colonialismo e as várias expressões da cultura contemporânea. O palco transforma-se e deixa de ser palco para ser Puelmapu, o território ancestral do povo Mapuche, nos limites do sul da América, na região mais despovoada da Argentina.

Um tema caro à dupla de artistas Azkona&Toloza, que mantém ligações a companhias e artistas sul-americanos, além de explorar novas dramaturgias entre Barcelona, Pamplona e o Deserto de Atacama, no Chile.

Sábado e domingo, 16 e 17 de julho, às 15h00, no Fórum Municipal Romeu Correia | Auditório Fernando Lopes-Graça, no âmbito do 39º Festival de Almada.

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