Foi aprovada a renovação do estado de emergência a vigorar até final de abril, altura em que se espera possamos abrir mais um pouco a atividade do país, caso não haja qualquer agravamento significativo e relevante no combate à pandemia da Covid-19.

Mas ainda esta semana, no Plenário da Assembleia da República, na avaliação dos anteriores estados de emergência, foi para mim claro e esclarecedor, que das intenções à análise factual, se permite comparar a propaganda do Governo com a realidade das trágicas políticas socialistas.

A testagem é, infelizmente, um exemplo claro dessa diferença entre o anunciado e o concretizado. Com efeito, em fevereiro passado, a ministra da Saúde garantiu que o Governo iria avançar com testes em massa à Covid-19. Mas aquilo que o Relatório esta semana apresentado revela é que, durante o último mês de março, a média diária de testes foi de 23 mil, ou seja, muito longe dos propagandeados 100 mil, um número não só irrisório, como muito aquém da testagem mínima necessária para efetivamente se conter a transmissão da pandemia.

É, aliás, grave que o atual processo de desconfinamento, iniciado no mês de março, não tenha sido acompanhado de um programa generalizado de testagem, em particular no meio escolar (professores e pessoal não docente), mas também junto de todos os trabalhadores que atendem o público em serviços essenciais, como nos transportes, repartições públicas, supermercados e muitos outros, que, para o bem comum, têm de desempenhar o seu trabalho de forma presencial, imprescindível para que Portugal não paralise totalmente.

E a testagem continua a ser crítica, para mais num contexto em que a campanha de vacinação da população contra a Covid não está ainda a processar-se com a rapidez desejável, e em que o país está ainda longe de atingir a tão necessária imunidade de grupo. Porque, feitas as contas e passados quatro meses do início da vacinação, apenas 6% da nossa população está imunizada!

Qualquer processo de desconfinamento deve ser acompanhado de um efetivo reforço da testagem e da vacinação, mas também de um maior controlo do índice de transmissibilidade do vírus, não só internamente, como em termos de vigilância das fronteiras e dos aeroportos, pelo risco de importação de novos casos das variantes mais perigosas da doença.

Nunca, mas mesmo nunca, se deverá deixar de ter presente que o grave problema de saúde pública que enfrentamos não pode fazer esquecer a brutal crise económica em que a pandemia nos mergulhou. Importa, por isso, que o Governo reforce também, obrigatoriamente, os apoios sociais e às nossas empresas, as quais são verdadeiramente fundamentais para a recuperação de que o nosso país tanto necessita.

Governar é servir Portugal e não navegar em “águas safas e com ventos de feição”, pois se não se repensar urgentemente toda a estratégia para combater esta pandemia, e se não se deixar de anunciar sem concretizar, o nosso futuro será cada vez mais incerto. E ameaçador.