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“The Economist”: Governo de esquerda português “está a prosperar” porque “não é especialmente de esquerda”

“A social-democracia está a tropeçar em toda a Europa, excepto em Portugal”, salienta a revista britânica “The Economist”, em artigo publicado na edição desta semana. O primeiro-ministro António Costa é citado no artigo, garantindo que a “geringonça” vai sobreviver até às eleições legislativas de 2019. E mais além? “Porque não?”
14 Abril 2018, 15h50

Na edição desta semana da revista britânica “The Economist” destaca-se um artigo focado na engenhosa solução de Governo criada em Portugal, commumente apelidada de “geringonça”. Trata-se de um Governo minoritário liderado pelo PS (partido de centro-esquerda) e sustentado em acordos de incidência parlamentar com o BE, PCP e PEV (partidos mais à esquerda no espectro político). “A social-democracia está a tropeçar em toda a Europa, excepto em Portugal”, salienta a revista no título do artigo. No qual acaba por concluir que o Governo português de esquerda “está a prosperar” porque “não é especialmente de esquerda”.

Em bom rigor, trata-se de uma coluna de análise (dedicada à política europeia, sob o título “Charlemagne”), embora não assinada, como é prática tradicional na revista “The Economist” (sabe-se, porém, que essa coluna é escrita por Tom Nuttall). Daí que, logo na abertura do texto, o colunista se refira ao primeiro-ministro António Costa como “afável”, tendo-o recebido na residência oficial (o Palácio de São Bento, em Lisboa) “com um largo sorriso, enquanto instala a sua estrutura corpulenta num sofá”. Segue-se uma descrição da forma como Costa montou a “geringonça”, após não ter conseguido vencer as eleições legislativas de 2015.

“Isto nunca tinha sido tentado antes em Portugal”, realça o colunista. “Os bloquistas e os comunistas atacam os socialistas em matérias como as de política externa, mas cessam fogo quando importa, notavelmente em relação ao Orçamento do Estado. Nenhum deles está totalmente confortável com o acordo, mas ambos sabem que a alternativa de centro-direita seria menos digerível e podem obter crédito por políticas como o aumento do salário mínimo ou a suspensão de privatizações nos transportes”, explica. “Costa diz que o acordo vai sobreviver até às eleições do próximo ano. E mais além? ‘Porque não?'”

No parágrafo final, o colunista argumenta que “o Governo português de esquerda está a prosperar, em parte, porque não é especialmente de esquerda. Por agora está mais fixado nos défices e na dívida do que em investimento e serviços públicos. Um Governo de centro-direita estaria a fazer a mesma coisa. E portanto, apesar das palavras calorosas de Costa, o engenho vai certamente demonstrar que se trata de um casamento temporário de conveniência; já se comenta em voz baixa que o seu partido [PS] está a virar as atenções para os social-democratas. Os esquerdistas europeus podem encontrar inspiração em Portugal. Mas terão que procurar ideias noutro sítio”.

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