[weglot_switcher]

Tiago Brandão Rodrigues, o ministro da Educação mais duradouro da democracia diz adeus à governação

Cientista, chegou ao Governo com apenas 38 anos, tendo sido o mais jovem de sempre a tutelar a Educação. Acérrimo defensor da escola pública, nunca conseguiu entender-se com os sindicatos sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores.
  • Tiago Brandão Rodrigues
24 Março 2022, 08h20

Está longe de ter tido uma ação consensual, ainda assim, logrou bater o recorde de longevidade. Tiago Brandão Rodrigues foi o ministro da Educação mais novo de sempre e o que mais tempo permaneceu no cargo depois do 25 de Abril, sendo até agora decano dos ministros de Educação, Juventude e Desporto no Conselho da Europa.

Tinha 38 anos e era investigador no Cancer Research UK da Universidade de Cambridge quando António Costa o foi buscar para encabeçar a lista de Viana do Castelo nas eleições legislativas, e, a seguir, lhe entregou a pasta da Educação. Esteve à frente deste importantíssimo Ministério seis anos e três meses, dado que após os quatro anos de geringonça acabou por ser reconduzido.

Com ele, o Ministério da Educação ganhou a secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, que anteriormente dependia da Presidência do Conselho de Ministros. Ao longo dos seis anos de governação contou com cinco secretários de Estado, com destaque para João Costa, secretário de Estado da Educação e Adjunto que teve um papel central na definição das políticas da educação.

A redução significativa do abandono escolar precoce foi uma das suas conquistas, consolidando a trajetória iniciada pelo ministro anterior, Nuno Crato. A diminuição do número de retenções, o impulso do ensino profissional e o reforço da Ação Social Escolar são outras realizações.

Foi no seu consulado que os portugueses puderam beneficiar da gratuitidade dos manuais escolares, mas, justiça seja feita, muito por exigência dos partidos à esquerda da geringonça. No ano letivo de 2021-2022, todos os alunos do ensino obrigatório (do 1.º ano ao 12.º ano) de escolas públicas e privadas com contratos de associação voltaram a receber manuais escolares gratuitos.

Um dos seus maiores desafios foi a pandemia da Covid-19, que obrigou ao encerramento das escolas e a recorrer ao ensino à distância, bem como ao lançamento do projeto escola digital.

Na tutela da Educação protagonizou um verdadeiro braço de ferro com os sindicatos, principalmente com a FENPROF, sobre o descongelamento da carreira docente, que aconteceu de facto, mas apenas com a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias.

“Penso que o mais importante foi poder devolver uma certa normalidade e qualidade às políticas educativas, apostando na equidade, mas também na previsibilidade e na continuidade”, afirmou, recentemente, Tiago Brandão Rodrigues em entrevista à revista Visão.

Na mesma entrevista disse ainda em jeito de balanço: “Conseguimos vincular 12 mil docentes, trabalhar para a sua formação e para melhor descongelar a carreira”, afirmou na mesma entrevista à Visão.

Tiago Brandão Rodrigues nasceu em 1977 em Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, e estudou na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde concluiu o doutoramento em Bioquímica. Nas últimas eleições legislativas foi cabeça de lista como independente por Viana do Castelo e eleito deputado.

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.