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TikTok: “Podemos dar destaque às músicas mas a decisão final é dos criadores e audiência”

Abordando como muitas canções regressaram do passado, Ole Obermann, porta-voz da rede social, explicou que muitas voltaram a dar nas rádios e a atingirem números elevados nos tops musicais internacionais.
  • Sam Barnes/Web Summit
4 Novembro 2021, 17h17

O TikTok tem dado destaque a artistas internacionais, o que lhes permite expandir as suas músicas, mas o sucesso depende sempre dos criadores de conteúdo e da audiência que os vê, destacou o responsável global pela música da plataforma, na Web Summit.

Ole Obermann apontou, perante uma plateia cheia no palco MusicNotes, que admitiu que o TikTok às vezes programa dar destaque a algumas músicas – devido à proximidade com editoras – mas que a decisão final é mesmo dos criadores e de quem os vê.

“Podemos programar músicas para lhes dar mais destaque, mas a partir daí já não temos nada com o assunto. A decisão final recai nos criadores de conteúdos e nas suas audiências”, disse ao jornalista Mark Savage, da BBC. “São os criadores que decidem o que funciona no TikTok. Milhões de vídeos são colocados na plataforma e a maioria não encontra grande audiência”, frisou.

Abordando como muitas canções regressaram do passado, Obermann explicou que muitas voltaram a dar nas rádios e a atingirem números elevados nos tops musicais internacionais. “Para nós é importante que os nossos criadores se consigam expressar ao som das músicas, independentemente da década de que são, por isso é que a música é tão necessária no TikTok”, descreveu.

Questionado sobre os fatores que tornam uma música viral, o diretor de música recorreu a três vídeos que demonstram o sucesso da aplicação nos últimos tempos: o cantor CKay, com a música “Love Nwantiti” ao piano, Taylor Swift e a mudança de género ao longo dos anos e um vídeo ao som da música “Break My Stride” de Matthew Wilder, de 1983.

Ole Obermann apontou que a música de CKay é uma “publicação pura”, onde é apenas o cantor ao piano num vídeo sem cores. “É um vídeo simples dele a cantar e foi no TikTok que encontrou o seu palco e os fãs. Começou apenas com ele a cantar mas a música foi libertada para outros géneros”.

Além da versão acústica, o artista nigeriano teve ainda sucesso com outras versões como os remix e os duetos. “Eles dão novas vidas às músicas. Depois os criadores vão atrás das tendências e vão usando as várias versões das músicas”, explicou Ole Obermann. O jornalista da BBC acrescentou mesmo que o intérprete chegou mesmo ao topo das tabelas musicais inglesas.

@ckay_yoBIG LOVE to everyone vibing to my music from all over the world 🌍💜✨!♬ Love Nwantiti – CKay

Também a artista Taylor Switft recorreu à música de um artista inglês para realizar um vídeo onde mostrava como tinha mudado com os seus álbuns. “O artista, que fala da Taylor nessa música, teve uma procura no Shazam [aplicação de busca de músicas] de mais de 20% após ela ter publicado. Este também foi o primeiro vídeo dela na plataforma!”, explicou.

“As fronteiras geográficas estão a cair na música. A música vai ter de criar excitação na audiência e atraí-la, criando uma ligação com a mesma, senão perde-se”.

Instado a comentar a explosão de músicas mais antigas na plataforma, o jornalista da BBC deu o exemplo do músico e produtor Ryan Tedder, dos OneRepublic. “Os OneRepublic lançaram uma música nova no início do ano passado, e foi na mesma altura em que uma música deles de há oito anos explodiu na app. Viram-se obrigados a competir com uma música que tem anos. Isto foi ele que me disse”, apontou Mark Savage.

“Quando isso acontece aconselho que eles se deixem ir pela onda, porque o sucesso para a nova música há de vir. A audiência acaba por ir pesquisar mais portefólio dos artistas quando ouvem as músicas”, explicou o diretor de música do TikTok. “É construir uma nova base de fãs com uma música que tem anos e anos e depois mostrar-lhes as músicas novas”.

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