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Timor-Leste: eleições decidem-se entre os partidos do ‘costume’

As formações políticas lideradas por Mari Alkatiri, a Fretilin, e Xanana Gusmão, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), continuam a ser as únicas que, sem o recuso a coligações, podem liderar governos. Eleições são este domingo.
18 Maio 2023, 16h49

Timor-Leste tem eleições parlamentares este domingo, e o presidente da República, José Ramos-Horta, considera que uma maioria absoluta saída das eleições seria a melhor solução para o país, mesmo considerando que o partido vencedor não deve trabalhar sozinho na governação.

Um número recorde de eleitores pode votar naquelas que serão as quintas legislativas do país para eleger os 65 deputados do Parlamento Nacional. Em confronto estarão, como sucede historicamente, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), de Mari Alkatiri, e o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão – que têm repartido entre si responsabilidade por aquilo que muitos analistas consideram um país adiado.

A estabilidade não é em definitivo um dos vetores que caraterizam a política – nem, pior ainda, a sociedade – timorense. O que tem levado os dois partidos a um constante apelo à obtenção de uma maioria absoluta – que só se verificou (mais ou menos) possível nas eleições de 2018, quando uma coligação pré-eleitoral do CNRT, do Partido Libertação Popular (PLP) e do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), conseguiu agregar mais de 33 lugares.

Mesmo assim, o boletim de voto terá 17, apesar de só oito terem representação parlamentar, assinalando-se a estreia do Partido Os Verdes de Timor (PVT).

“Não quero antecipar, mas há pelo menos três partidos que têm muita credibilidade pela liderança que têm ou pela história que têm. É o CNRT, é a Fretilin e é o Partido Democrático (PD)”, afirmou Ramos-Horta em declarações à agência Lusa. “Estes três partidos são os que mais credibilidade têm no país. Não quero menosprezar outros partidos. O PLP também tem gente capaz. Mas é muito mais novo”, disse.

Já o líder do CNRT, Xanana Gusmão, disse, ainda citado pela Lusa, que se o partido vencer as legislativas de domingo e formar governo, vai avançar com uma auditoria aos gastos do atual executivo, liderado pela Fretilin. “Uma auditoria para saber para onde foi o dinheiro, como se gastou. (…) Não há relatório anual, não se sabe onde se gastou, em quê, como. Isso tem de se fazer já”, afirmou, à margem do comício de encerramento de campanha.

“Claro que não se pode evitar (…) uma comparação dos dez anos do CNRT e destes últimos seis anos. O povo também compreende e sabe que em dez anos o CNRT gastou dez mil milhões e nestes últimos seis anos já [gastaram] mais de 11 mil milhões sem haver nada”, afirmou.

Mas, para já, o tempo é de reflecção. E de parabéns. Ramos-Horta mostrou-se orgulhoso pelo comportamento demonstrado pela liderança e quadros dos 17 partidos concorrentes às eleições durante a campanha eleitoral. “Foi tempo suficiente para todo o eleitorado conhecer os partidos. E quero dar os parabéns a todos os partidos pelo comportamento, pelo facto de terem contribuído muito para praticamente não haver incidentes, não haver violência”, afirmou em Díli.

 

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