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Tolentino de Mendonça diz que quer preservar “o grande tesouro” do Arquivo do Vaticano

O Presidente da República assistiu à ordenação do arcebispo, uma cerimónia presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e a que assistiram centenas de pessoas.
  • Cerimónia de ordenação episcopal de Tolentino Mendonça como arcebispo presidida pelo cardeal partriarca de Lisboa, Manuel Clemente (ausente na foto) esta tarde no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, 28 de julho de 2018. MIGUEL A. LOPES/LUSA
28 Julho 2018, 21h16

Tolentino de Mendonça foi este sábado ordenado arcebispo, numa cerimónia no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e a que assistiram centenas de pessoas.

A partir de setembro, vai ser arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, passando a tutelar a mais antiga biblioteca do mundo.

“A minha preocupação será, por um lado, a de preservar aquele repositório, que é um grande tesouro da igreja e da humanidade e ao mesmo tempo pô-lo a dialogar com a contemporaneidade”, afirmou aos jornalistas, após a cerimónia de ordenação.

Tolentino de Mendonça defendeu que “é preciso ir além de uma certa ficção que romanceou muito aquele Arquivo privado”, sublinhando que o Arquivo “está muito aberto à sociedade” e tem “mais de dois mil investigadores creditados”.

“O Santo Padre, o nosso querido papa Francisco, quis colocar-me ao serviço do Arquivo e da Biblioteca Apostólica. Não sei, ainda hoje, as razões do seu convite, que expressa para com a minha pobre pessoa uma confiança que filialmente agradeço, mas que não deixa, ainda agora, de ecoar a sua surpresa em mim”, disse, num discurso no final da cerimónia de ordenação.

Já após a ordenação, Tolentino de Mendonça disse aos jornalistas que, nas novas funções, que assumirá em 01 de setembro, não deixará de ser, também, escritor.

“O Santo Padre espera de mim que eu continue a ser um instrumento de diálogo e de aproximação entre a Igreja e a cultura. É isso que farei, a partir da Biblioteca Apostólica, sem dúvida colocando ao serviço da igreja aquilo que são os meus talentos e a minha forma de ser e a escrita é uma forma de comunicação, na qual continuarei a apostar como o lugar de representação, de comunicação de Jesus no mundo de hoje”, assegurou.

Da mesma forma, não deixará de ser padre. “Um bispo continua a exercer este ministério de paternidade espiritual para com toda a humanidade e o povo de Deus. Como bispo, continuo a sentir-me pai”, sustentou.

Questionado sobre se está disponível para a reforma do papa, o bispo recordou que foi chamado por Francisco, cujo retiro espiritual orientou, na quaresma.

“Certamente é para colocar-me numa grande proximidade com a sua mensagem, com o seu programa para a Igreja do nosso tempo”, referiu.

Ao longo de quase duas horas e meia, a cerimónia de ordenação episcopal como arcebispo titular de Suava (norte de África) foi marcada por vários ritos.

Entre os fiéis estavam o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sozinho numa cadeira mais próximo do altar.

Mais atrás, na primeira fila, estavam o antigo chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva, e a mulher, Maria Cavaco Silva, e também a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, acompanhada da família. Também a antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite assistiu à cerimónia.

O chefe de Estado foi o primeiro a cumprimentar o novo bispo e foi também o primeiro a receber a comunhão das mãos de Tolentino de Mendonça, seguindo-se a líder do CDS-PP e, um pouco depois, o seu antecessor, Paulo Portas.

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