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Trabalho temporário arranca o ano a cair

O ano arranca com uma quebra do trabalho temporário, o que pode ser explicado pela atual conjuntura económica, mas também pela perspetiva das mudanças à lei laboral, que poderão ter levado os empregadores a agir de forma mais prudente.
5 Junho 2023, 13h55

Os primeiros três meses do ano ficaram marcados por um decréscimo de 1,9% das colocações em trabalhos temporários face ao que tinha sido registado no mesmo período de 2022, indicam os dados divulgados esta segunda-feira pela Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado do Emprego e de Recursos Humanos (APESPE-RH). Quase três em cada dez dos colocados em postos temporários tinham mais de 40 anos, detalham as estatísticas.

“Verifica-se um decréscimo nas colocações de trabalho temporário no primeiro trimestre de 2023, face ao mesmo período de 2022, com diminuição de menos 217 pessoas em janeiro (-0,7%); 926 pessoas em fevereiro (-2,8%) e 767 pessoas em março (-2,2%)”, sublinha a APESPE-RH.

No total, o decréscimo entre o primeiro trimestre de 2023 e o de 2022 foi de 1,9%, isto é, enquanto no ano passado tinha havido mais de 100 mil colocações nos primeiros três meses, desta vez houve menos de 99 mil.

Ainda assim, face a 2021, verificou-se um aumento do trabalho temporário, no arranque de 2023, destaca a APESPE-RH. A associação ressalva, porém, que os números estão ainda abaixo dos níveis pré-pandemia: no primeiro trimestre de 2020, tinha havido mais de 103 mil colocações em trabalhos temporários e em 2019 mais de 112 mil.

A este cenário, a APESPE-RH acrescenta ainda um outro dado: “o Índice do Trabalho Temporário, que tinha estabilizado desde novembro de 2022, volta a demonstrar um decréscimo gradual desde o início do ano, fixando-se em 0,99 em janeiro, 0,97 em fevereiro e 0,98 em março. Estes valores são inferiores ao índice registado nos meses homólogos do ano anterior.”

E como se caracterizam os trabalhadores temporários em Portugal? Entre 27% a 28% dos colocados tinham idade média acima dos 40 anos, no 1º trimestre de 2023, o ensino básico manteve-se como o nível de escolaridade predominante nas colocações efetuadas e as empresas de “fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis” continuam em primeiro lugar entre os vários empregadores.

“Este trimestre está a marcar um início de ano menos positivo, com uma diminuição das colocações no setor de trabalho temporário. Há vários fatores que podem ajudar a explicar estes valores, nomeadamente a atual situação económica, que com o aumento da inflação e custos de vida pode também estar a afetar as empresas utilizadoras de trabalho temporário”, frisa o presidente da APESPE-RH.

Afonso Carvalho remata alertando que a perspetiva da entrada em vigor da nova legislação do trabalho pode também ter influenciado o mercado, levando algumas empresas utilizadoras “a agir de forma mais ponderada logo desde o início do ano”.

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