Transferência de partos para privados é “medida paliativa”, dizem médicos

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) admitiu que a transferência de partos durante os meses de verão para o sector privado e social é “mais um penso rápido” e a “nova medida paliativa”.

Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, admitiu que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai realizar convenções com hospitais privados para a realização de partos para prevenir a sobrecarga dos públicos e também a realização de obras em algumas maternidades na Grande Lisboa.

“Esta medida traduz-se em mais um penso rápido, à medida que Manuel Pizarro vai adiando a discussão de medidas concretas, como a atualização das grelhas salariais, nas negociações com os sindicatos médicos”, escreve a FNAM em comunicado.

Na opinião do sindicato, o governante tem insistido em “adiar a solução para os problemas do SNS, promovendo o desmantelamento da Saúde em Portugal, em particular dos cuidados materno-infantis, uma das jóias da coroa do SNS”.

Depois de várias reuniões entre o Ministério da Saúde e os sindicatos, a FNAM acusa a tutela de não apresentar propostas, considerando que os encontros são fracassos “na resolução dos problemas do SNS, que obrigam a tutela a adotar medidas paliativas de forma a assegurar os cuidados de saúde aos utentes”.

Já do lado sindical, a federação garante apresentar propostas que “permitam fixar médicos no SNS, como a atualização das grelhas salariais, medidas de melhoria das condições de trabalho e de apoio à parentalidade”, uma vez que a não existência destas condições tem afastado os médicos do sector público.

O ministro apontou que a medida apenas se insere “no contexto das dificuldades normais do verão e da realização de obras muito importantes” em maternidades públicas, como por exemplo Santa Maria, que vai encerrar em agosto para obras pelo período de um ano. Foi também confirmado que a maternidade de Caldas da Rainha vai encerrar entre junho e novembro.

Sabe-se que as grávidas acompanhadas em Santa Maria vão ser transferidas para o hospital São Francisco Xavier, enquanto as grávidas das Caldas da Rainha serão acompanhadas em Leiria.