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Transição climática é prioridade para grandes empresas

Sonae, CTT, NOS e Altri têm estratégias consolidadas no combate às alterações climáticas e querem com as suas práticas influenciar toda a cadeia de valor. O JE foi conhecer as metas traçadas e as medidas para as atingir.
2 Outubro 2022, 12h00

Sonae, CTT, NOS e Altri operam em sectores de atividade diferentes, mas têm algo em comum, além da dimensão: aliam a inovação a práticas cada vez mais sustentáveis. Há muito que a retalhista, a empresa de correios, operadora de telecomunicações NOS e a produtora de pasta de papel e gestão florestal colocaram a sustentabilidade no centro das suas estratégias de desenvolvimento. Quais são as metas e as medidas para as atingir? Como avançam?

A Sonae integra há mais de duas décadas o World Business Council for Sustainable Development. “Todos os dias nos desafiamos a contribuir positivamente esse propósito e a construir um futuro melhor para todos”, afirma Sónia Cardoso, diretora de Sustentabilidade da Sonae, ao JE, salientando que “a proteção do planeta, e por conseguinte das pessoas, é uma prioridade estratégica”. A tal ponto o é que a empresa fixou a meta de atingir a neutralidade carbónica das operações até 2040, antecipando em 10 anos a data definida pela União Europeia. “Nos roadmaps que criámos, estabelecemos um objetivo intermédio que passa por reduzir em 54% as emissões próprias ainda nesta década, até 2030, face a 2018”, adianta.

Para cumprir esse propósito, explica Sónia Cardoso, a Sonae tem vindo a investir continuadamente num “conjunto alargado de medidas de transformação”, onde se incluem o aumento do recurso a energias de fonte renovável nas operações, adquirindo ou produzindo localmente, a eletrificação da frota de veículos dos colaboradores e de serviço, o alargamento da rede de carregadores de veículos elétricos (em lojas e edifícios), um programa de substituição de equipamentos de climatização e de refrigeração mais eficientes, a ações de eficiência na iluminação.

Numa linha de continuidade da sua ligação histórica à floresta, a empresa tem em curso o Projeto Floresta Sonae, que visa a compensação da emissão de gases com efeito de estufa da sua frota de veículos para colaboradores e serviço, através da recuperação e conservação das florestas portuguesas.

Este objetivo também foi incorporado na gestão financeira do grupo ainda em 2020 e reforçado já em 2022, através de um conjunto de operações de refinanciamento indexadas ao desempenho da Sonae em indicadores ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG), nomeadamente associados à redução das emissões de CO2 e à promoção da presença de mais mulheres em cargos de direção.

CTT: net zero até 2030
A emblemática empresa dos correios anunciou recentemente três metas ambientais a alcançar no curto prazo: operar já com 50% de veículos elétricos na última milha até 2025, promover o consumo responsável através do uso de 100% de embalagens recicladas e/ou reutilizáveis até 2030, e alcançar a meta de net zero até 2030. “Aliamos a inovação a práticas cada vez mais sustentáveis e temos três pilares fundamentais de atuação: Faster, Better, Greener”, (Mais rápido, melhor e mais verde), salienta Maria José Rebelo, Diretora de Sustentabilidade dos CTT, ao JE. A introdução no portefólio de serviços mais sustentáveis, que vão ao encontro das expectativas de clientes cada vez mais envolvidos com as questões ambientais, tem sido uma prioridade, diz-nos. Exemplos? As embalagens reutilizáveis destinadas aos clientes de e-commerce, que podem ser usadas até 50 envios, às quais se junta a oferta do Correio Verde, que possibilita a opção por envios em embalagens, saquetas e envelopes, tudo produzido com papel e cartão reciclados e tintas de impressão menos poluentes.

No campo da economia circular que os CTT promovem, Maria José Rebelo aponta um exemplo interno: “Com a ajuda de todos os colaboradores, transformámos máscaras de Covid-19 em novos produtos, totalmente reciclados, como enfeites de Natal e cabides”.

A diretora de Sustentabilidade revela ainda que foi testado com sucesso, em algumas lojas CTT, um novo conceito de utilização de farripas de papel 100% recicladas para serem utilizadas no enchimento e envio de objetos postais, já disponível em alguns pontos do País.

De salientar ainda a frota de mais de 400 veículos totalmente elétricos, o que permitiu inaugurar este ano cinco Centros de Entrega verdes: Arroios, Junqueira, Cascais e ilhas de Porto Santo e Graciosa.

NOS: reduzir emissões
“A empresa ambiciona liderar, de forma inequívoca, no combate às alterações climáticas e na utilização circular de recursos, influenciando positivamente toda a cadeia de valor”, afirma Maria João Carrapato, diretora de Relação com Investidores & Sustentabilidade, ao JE. Em dezembro de 2021, a NOS viu as suas metas de redução de emissões aprovadas pela organização internacipnal Science Based Targets initiative (SBTi). Estas metas incluem a redução, até 2030, de 90% das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) na sua operação própria e em 30% na cadeia de valor, em relação a 2019.

São várias as iniciativas em curso. Maria João Carrapato revela, por exemplo, que, desde o início deste ano, 100% da eletricidade consumida na operação da NOS tem certificação de origem renovável, estando em curso a eletrificação total da frota automóvel até 2030. Um projeto de reflorestação do interior devastado pelos incêndios compensa as emissões que ainda não consegue evitar na frota. De referir a implementação de um programa de eficiência energética da infraestrutura técnica de telecomunicações, que passa entre outras medidas, pela modernização integral da rede de acesso móvel, cujo resultado, segundo Maria João Carrapato, reflete-se, “de forma visível, no consumo global de energia por tráfego de dados: entre 2015 e 2020 este indicador registou uma redução de 80%”. “A NOS — afirma — quer ser um agente ativo na transição climática da economia portuguesa e a liderança no 5G irá permitir alavancar a transformação digital da sociedade”.

Altri e as biofábricas
A sustentabilidade está no ADN da Altri e “ocupa lugar central nas decisões tomadas a todo o momento”, diz fonte do grupo ao JE. Entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, mais relevantes para o Grupo está o da Ação Climática. “Pretendemos, neste âmbito, alcançar uma redução de 60% das emissões específicas de gases com efeito de estufa de âmbito 1 e 2, e em 30% nas de âmbito 3”, adianta.

As medidas em curso no grupo multiplicam-se. Apenas três exemplos. Tomando como prioridade a redução do consumo de energia, a par da diminuição da dependência de energia fóssil, “a Celbi, Caima, Biotek e Altri Florestal têm vindo a implementar medidas no sentido de uma maior eficiência, isto ao mesmo tempo que substituem as fontes de energia, procurando soluções limpas”. Resultado? Em 2021, ”90% da energia consumida nas suas várias biofábricas foi de origem renovável”. O objetivo último, adianta a empresa é que “a energia primária consumida nas suas unidades industriais seja 100% de origem renovável, a prazo, permitindo mais rapidamente atingir a desejada neutralidade carbónica”.

Com o fito de atingir a neutralidade neutralidade carbónica o mais rapidamente, foi anunciado já este ano um investimento de 40 milhões de euros na Caima, uma das três unidades de produção em Portugal. Uma última palavra para a introdução de máquinas agrícolas que recorrem à tecnologia híbrida para reduzir o consumo de combustível e, assim, as emissões de gases poluentes para a atmosfera.

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