Três anos a estimular os caminhos de Portugal

O caminho é longo para, três meses após o início da vacinação, passarmos de 3% para 70%. Somos, contudo, um povo com esperança e resiliência, e vamos continuar a lutar pela saúde coletiva, pela economia e pelo Portugal empresarial que faz bem, que luta, que empreende.

Fez por estes dias três anos que semanalmente me tem sido confiado um espaço de opinião neste jornal, “A Tribuna Social”, no qual tenho procurado analisar e refletir sobre os temas da atualidade económica, financeira, política e social. Três anos em que tentei fugir da espuma dos dias e concentrar a minha reflexão nos problemas e nas oportunidades reais.

Nesta aventura estimulante de escrever semanalmente, a nossa missão só poderá atingir a sua verdadeira dimensão, como aliás acontece em tudo na vida, quando conseguimos partilhar com quem admiramos e respeitamos, i.e., os nossos leitores e os portugueses. É também uma tarefa muito exigente, pois na escrita estamos, e muito bem, permanentemente “presos” no futuro ao que pensamos no presente.

Tem sido, em suma, uma experiência única, libertadora e estimulante, a de escrever semanalmente sobre os problemas e os desafios reais de um Portugal onde os acontecimentos se sucedem a um ritmo galopante. E a pergunta que sempre fiz nestas últimas 158 semanas, antes de começar a escrever as minhas reflexões, assentes nos caminhos coletivos que temos que percorrer, continua a ser “E agora, Portugal?”

No momento em que me encontro, prestes a compilar os últimos 100 textos, o mundo mudou muito, muitíssimo, desde o primeiro artigo, e está tristemente marcado pela pandemia que nos assola há um ano e que já atingiu perto de 10% da população, que contabiliza 820 mil infetados e 17 mil mortos, e afetou, na economia e na vida de todos os dias, a totalidade dos portugueses.

Após um longo período de confinamento social, estamos no atual momento a tentar pela segunda vez desconfinar e voltar à vida normal, depois destes meses trágicos para todos, em que é preciso assinalar o comportamento exemplar dos portugueses. Os indicadores pandémicos têm evoluído pela positiva, mas o inevitável aumento de contactos entre as pessoas, com o retomar da normalidade, trará novos e incontornáveis riscos.

É urgente alcançar o mais depressa possível a imunização coletiva, e isso só acontecerá quando atingirmos os 70% da população vacinada, o que pelo ritmo mantido, nos traz inúmeras preocupações e, por isso, o estado de emergência deverá manter-se em vigor até ao próximo mês de maio.

Ao dia de hoje, cerca de 1,3 milhões de portugueses já tomaram a primeira dose da vacina, mas destes poucos tomaram a dose completa ou estão já imunizados, ou seja, apenas 3% da população estará a salvo. O caminho é longo para, três meses após o início da vacinação, passarmos de 3% para 70%, e com grupos etários ainda muito desprotegidos e sem perspetivas para o imediato. A verdade é que todo este processo tem sido marcado por descoordenações e polémicas desnecessárias que se sobrepuseram ao tranquilo processo que se ansiava.

Somos, contudo, um povo com esperança e resiliência, e vamos continuar a lutar pela saúde coletiva, pela economia e pelo Portugal empresarial que faz bem, que luta, que empreende, que não se conforma, mas que precisa que a classe política os acompanhe nessa imperiosa missão e desígnio nacional. Veremos os próximos passos, pois não podemos morrer da doença e tão-pouco da cura.

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