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Web Summit: Três mil brasileiros vieram de 16 estados à quarta edição

As startup brasileiras vieram a Lisboa procurar financiadores e parceiros tecnológicos para os seus negócios. A participação aumentou bastante de 2018 para 2019 e os responsáveis pela comitiva admitem que esta tendência continuará em 2020.
9 Novembro 2019, 16h00

O Brasil fez-se ouvir na Web Summit. Cerca de três mil visitantes – entre empresários, investidores, gestores e governantes – de 16 estados do Brasil vieram à quarta edição do evento organizado pela equipa de Paddy Cosgrave. Um dos responsáveis por esta grande comitiva brasileira foi Nuno Rebelo de Sousa, presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil. Num encontro organizado para o Jornal Económico, no expositor de Portugal, na Web Summit, Rebelo de Sousa explicou que “o número total de brasileiros que vieram no ano passado à Web Summit rondou os 1500”, acreditando que este ano “possam ter duplicado os participantes totais no Web Summit, aproximando-se dos três mil brasileiros”.

“Fazendo contas apenas à nossa missão, começámos em 2016 com pouco mais de 30 pessoas e este ano estamos com 200 pessoas. Além disso, tem havido cada vez mais missões brasileiras. Conhecemos mais três ou quatro missões que estão aí, com 30 a 40 pessoas cada uma, a fazerem o mesmo trabalho que nós estamos a fazer”, comentou, adiantando que “há uma representação muito grande de startup de Florianópolis, que é uma cidade com tradição no empreendedorismo, e outra de São Paulo, o que é normal porque é uma cidade muito grande”.

“Há outros polos de empreendedorismo importantes no Recife, em Fortaleza, em todo o nordeste, também temos um grupo de Goiânia, uma cidade onde investem muito em startups, tal como no Sul, em Curitiba. O Brasil todo tem-se mobilizado. E há um interesse cada vez maior em atrair eventos como este para o Brasil. Como as startup de Santa Catarina, ou do Espírito Santo, que também estão connosco”, diz Rebelo de Sousa.

O CEO da No Gap Ventures, Filipe Roup Rosa – que apoia a atividade empresarial das startup portuguesas e da América Latina -, considera igualmente que “a nossa foi a maior missão empresarial da Web Summit”. “Para além dos próprios empreendedores das startups, vieram membros do Governo, investidores, empresários. No conjunto somos 196, além das equipas das startups. Como nós comprámos bilhetes da Web Summit, temos noção que somos quem comprou mais bilhetes. Este ano temos representados 16 estados do Brasil. De São Paulo a Santa Catarina, do Norte ao Sul, temos uma grande cobertura de estados”, explicou Filipe Roup Rosa.

“A última crise no Brasil deu a entender aos investidores e aos empreendedores brasileiros que não podiam estar 100% dependentes do mercado doméstico que passou a ser insuficiente para atender às ambições e necessidades de crescimento do Brasil, mas que atualmente não chega”, diz Filipe Roup Rosa. “Os empresários ou dão um passo para a América Latina, ou dão um passo para a Europa. Ora, é mais fácil para os brasileiros virem para Lisboa. O sistema de incentivos, seja no regime de ‘StartupVisa’, ou ‘GoldenVisa’, e os apoios do Portugal 2020 fazem com que as startups tenham interesse em vir para cá, com a dimensão e escala da Europa, podendo ter em Portugal o que se designa por um softlanding e um fast track. Perante a decisão de sair do Brasil, Portugal acaba por ser um destino óbvio. Muitos dos estrangeiros que vêm à Web Summit consideram que Portugal está no centro do mundo, sobretudo porque tem um fuso horário perfeito entre os Estados Unidos e a Ásia. Portugal permite as pontes com os mercados africanos e asiáticos, e com a plataforma de Macau”, considera Filipe Roup Rosa.

Eduardo Migliorelli, CFO do AtlanticHub, considera que “as startups brasileiras querem fazer marketing do seu modelo de negócio na Web Summit”. “As startups brasileiras perceberam que Lisboa é uma porta da Europa, onde estão todos os investidores. Há mais de 160 países envolvidos neste evento. Por isso, a grande maioria vem para Portugal captar investidores e procurar parcerias para fazer uma troca de tecnologia”. “Dentro da nossa delegação há mais de 196 pessoas envolvidas, desde investidores que querem realmente colocar dinheiro aqui dentro até empresários que querem expandir os seus negócios e alguns deles até pretendem ficar a viver em Lisboa. Agora, é difícil quantificar o valor brutal que abrange a atividade global de todos os brasileiros que aqui vieram. Só no próprio evento entram milhões de euros”, refere.

Adriel Oliveira, CEO da Generation Legacy, especializada em biofertilizantes para o mercado de produção de alimentos orgânicos, refere que “nos últimos três anos Portugal tem sido referência na liderança do turismo. Portugal é trendy. Portugal fica a oito horas de distância de uma parte significativa da população mundial. É prático ter acesso a um país que está recebendo de braços abertos muita gente. É bom para o turismo. Para o investimento. E para morar e viver”. O showcase da Generation Legacy em Portugal é a startup Shimejito, sediada no Fundão.

Guilherme Gonçalves, COO da Shimejito, explica que esta startup opera no mercado de produtos orgânicos, que na Europa vale 37 mil milhões de euros. Além disso, diz que “Lisboa será a capital verde da Europa em 2020”. “A Shimejito valerá cerca de 1,6 milhões de dólares”, refere, explicando que “em cinco anos queremos ter 30 fábricas e 300 unidades de produção – cada unidade de produção produz, em 70 metros quadrados, meia tonelada de cogumelos por mês, sem sazonalidade, orgânico, fresco e entregue no dia ao consumidor final”, diz.

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