[weglot_switcher]

Trienal de Arquitetura de Lisboa: Terra em foco na 6ª edição

Já se conhece o programa da 6ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa. Sob o signo “Terra”, serão apresentadas reflexões e práticas arquitetónicas de todos os continentes em prol de um único planeta, a nossa casa.
  • © Francisco Nogueira
23 Fevereiro 2022, 18h15

O programa da 6.ª Trienal de Arquitectura de Lisboa, sob o mote “Terra”, enquanto planeta, casa e matéria em que tocamos, foi apresentado esta quarta-feira, 23 de fevereiro. “Terra” enquanto ponto de partida e de chegada desta edição que toma para si o desafio de lançar apelos à ação, em busca de um maior equilíbrio entre comunidades, recursos e processos.

A Câmara Municipal de Lisboa acolheu a apresentação do programa da edição de 2022, pela voz do seu presidente, Carlos Moedas, para quem a arquitetura que hoje se faz em Lisboa “deve ser também um sinal de um movimento de liderança na arquitetura europeia, que está em transformação entre um mundo cada vez mais digital mas que será sempre físico, e um mundo em que a arquitetura no seu contexto deve estar sempre a resolver os problemas das pessoas”.

“Terra” sugere que, após o fechamento resultante da pandemia, se repense o futuro cruzando saberes e fazeres que possam coabitar, para assim contribuir para um futuro mais sustentável do planeta e de quem o habita. Com base nesta premissa, a dupla portuguesa fundadora do ateliê de arquitetura CVDB, Cristina Veríssimo e Diogo Burnay, responsáveis pela curadoria geral da 6.ª Trienal de Arquitectura de Lisboa, desenhou uma edição composta por quatro exposições, pela publicação de quatro livros, a atribuição de três prémios, por uma seleção de Projetos Independentes e por um leque de conferências que se espraia por três dias.

A Trienal vai decorrer entre 29 de setembro e 5 de dezembro de 2022, e traz-nos quatro exposições centrais, que “são o espelho das reflexões e das práticas que nos chegam de outros continentes sobre a arquitetura contemporânea, hoje confrontada com vários desafios, com impactos ao nível social, político e climático”. Mas não só. Também pretendem ser um apelo face às alterações climáticas, às pressões sobre os recursos e desigualdades socioeconómicas.

No MNAC – Museu Nacional de Arte Contemporânea, a exposição “Multiplicidade”, com curadoria de Tau Tavengwa (Zimbabué) e Vyjayanthi Rao (Índia), vai explorar a forma como a arquitetura e a prática projetual se estão a adaptar a um período marcado por desigualdades sem precedentes, mudanças climáticas ou as pandemias. Na exposição “Retroactivar”, os curadores mexicanos Loreta Castro Reguera e Jose Pablo Ambrosi irão focar-se na cidade desfeita onde vive um terço da humanidade.

Em “Ciclos”, que estará patente na Garagem Sul do CCB, com curadoria dos chilenos Pamela Prado e Pedro Ignacio Alonso, o público poderá ver práticas arquitetónicas que migram do modelo linear para o circular, no caminho da sustentabilidade, economia e memória. E na exposição “Visionárias”, que a Culturgest vai acolher, a curadora russa Anastassia Smirnova (Rússia) com SVESMI questionam, através de visões pessoas da arquitetura, como podem as visões radicais transformar-se na nova norma.

Filipa Tomaz, do Serviço Educativo da Trienal de Arquitetura, salientou a relevância da secção “Projectos Independentes”, que integra 16 projetos selecionados entre as 67 candidaturas recebidas na call, e que serão apresentados ao público no Palácio Sinel de Cordes e noutros espaços da Área Metropolitana de Lisboa. Bem como as quatro publicações que serão lançadas por ocasião da Trienal e que culminam três anos de investigação.

Manuel Henriques, Diretor Executivo Adjunto da Trienal, salientou que, em 2022, os Prémios Trienal de Lisboa Millennium bcp ganham uma nova dimensão. O Prémio Début, destinado a galardoar um ateliê de arquitetura ou jovem profissional, aumenta o seu valor pecuniário de 5.000 para 10.000 euros, e o Concurso Prémio Universidades foi alargado a estudantes de mestrado e ainda a pessoas da área da investigação para a produção de conhecimento em, para e sobre arquitetura. Foram recebidas 111 propostas, envolvendo 46 instituições académicas de 22 países.

O Prémio Carreira, por seu turno, prossegue o reconhecimento da relevância do trabalho de figuras da arquitetura, como até aqui, não numa ótica de balanço ou passado, mas sim numa perspetiva de futuro.

A busca de soluções, o debate, a reflexão e a troca de conhecimento estarão assim no epicentro de “Terra”. E como frisou o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, “a arquitetura é um instrumento extraordinário que nós temos para o combate às alterações climáticas. Primeiro, esta fusão entre o mundo físico e o digital. E é essa digitalização que podem trazer a mudança, que se prende com a forma como fazemos a nossa própria arquitetura. O mesmo se aplica à economia, que tem de ser cada vez mais circular. Ora, nós fomos educados numa ‘economia de lixo’, waste, e esse desperdício vai ser transformado em matéria-prima, e essa matéria-prima vai ser aquilo que a arquitetura deve ser no futuro”.

A Trienal de Arquitectura de Lisboa é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é investigar, dinamizar e promover o pensamento e a prática em arquitetura. Em 2013, a Trienal obteve o Estatuto de Utilidade Pública, tendo sido conferido, em 2010, pelo Ministério da Cultura, o Estatuto de Interesse Cultural.

A equipa curatorial da Trienal 2022 é composta por Cristina Veríssimo e Diogo Burnay, Anastassia Smirnova (Rússia/ Holanda), Loreta Castro Reguera e José Pablo Ambrosi (México), Pamela Prado e Pedro Ignacio Alonso (Chile), Tau Tavengwa (Zimbabué/ Reino Unido) e Vyjayanthi Rao (Índia/EUA).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.