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Trinta anos depois, pode a ‘Black Monday’ repetir-se?

“Poderia acontecer novamente?”, questiona o analista Andrew Rose, lembrando que há hoje procedimentos em vigor para evitar que os mercados de ações caiam tanto e tão rápido.
  • Brendan McDermid / Reuters
19 Outubro 2017, 15h26

19 de outubro de 1987. Há trinta anos, os mercados financeiros caíram a pique, naquele que foi o maior tombo intraday para as ações mundiais. Em plena desaceleração económica global e com avaliações especulativas das ações, uma falha num dos principais computadores de Wall Street, levou a recordes de quebras sem precedentes. O dia causou traumas entre os investidores e os analistas da Schroeders acreditam que se podem tirar lições para que a situação não se repita.

“Uma grande tempestade estava a formar-se”, explicou o analista de investimento da Schroeders, David Brett, lembrando que no espaço de 24 horas, os mercados de ações na Ásia, Europa e os EUA sofreram quedas de até 23%. Nos EUA, o Dow Jones caiu 22,6%, destronando o recorde anterior de queda em um dia de 12,8% no Wall Street Crash de 28 de outubro de 1929.

“Nos anos seguintes, os investidores culparam preocupações em torno de uma inversão na economia global e aumento da inflação. Outros apontaram rumores de um aumento das taxas de juro nos EUA e das tensões políticas entre os EUA e o Irão que ameaçavam espalhar-se”, afirmou Brett. “Houve muita especulação. O que não é discutível é o facto de que houve um pânico coletivo nos mercados”.

No entanto, com a ajuda dos bancos centrais, cinco anos após os mercados de ações do evento no Reino Unido, Europa e os EUA aumentaram até 15% ao ano. Numa altura em que se levantam dúvidas sobre a possível sobre avaliação das ações, não é de estranhar que os mercados questionem a possibilidade de a situação voltar a acontecer.

“É fácil compreender por que os investidores podem estar preocupados com o investimento em ações agora”, afirmou o gestor de hedge funds e atual economista-chefe da Global Small Cap, Matthew Dobbs. “Os mercados de ações continuam a alcançar novos picos e as avaliações das ações são semelhantes agora ao que eram em 1987. Mas hoje há grande diferença: a taxa de risco é muito diferente”.

Da mesma forma, Andrew Rose, gestor de ativos em Londres, considera natural que se levantem questões, mas sublinha que as circunstâncias são hoje outras. “Poderia acontecer novamente? Os procedimentos estão agora em vigor para evitar que os mercados de ações caiam tanto e tão rápido. Haverá sempre mercados picos e tombos no mercado, mas, a longo prazo, os stocks tem fornecido retornos superiores”, acrescentou.

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