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Trinta e cinco organizações da área da saúde uniram-se para criar o Conselho Português para a Saúde e Ambiente

O Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA) será lançado na próxima segunda-feira numa cerimónia na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
29 Outubro 2022, 10h39

Trinta e cinco organizações da área da saúde uniram-se para criar o Conselho Português para a Saúde e Ambiente, que tem como objetivos diminuir o impacto das alterações climáticas na saúde e reduzir a pegada ecológica neste setor.

“É uma necessidade premente que os diferentes profissionais e organizações relacionadas com a saúde intervenham, de forma conjunta, nestas questões da mudança do clima, da degradação ambiental e do seu impacte sobre a saúde”, refere o Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), que será lançado na segunda-feira numa cerimónia na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O CPSA, que reúne cinco ordens profissionais, associações, sociedades científicas, laboratórios, grupos privados de saúde, a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa e a indústria farmacêutica, visa também preparar o sistema de saúde para eventos inesperados e uma nova epidemiologia das doenças, bem como reduzir a pegada ecológica do setor da saúde, responsável por 4,4% da emissão de gases com efeito de estufa.

“Se fosse um país, era o quinto maior poluidor do planeta”, disse à agência Lusa o dinamizador da criação do CPSA, Luís Campos.

O médico e presidente da Comissão de Qualidade e Assuntos Profissionais da Federação Europeia de Medicina Interna explicou que a criação do conselho “vem da consciência” que existe da “grande repercussão” que acontecimentos, como a sobrepopulação, o esgotamento das reservas naturais, a degradação dos ecossistemas e as alterações climáticas, estão a ter na saúde das populações.

“Mais de 5 milhões de mortes em excesso podem ser atribuídas a temperaturas anormalmente extremas e a poluição, por exemplo, é responsável por cerca de 9 milhões de mortes por ano”, enfatizou.

Luís Campos alertou para outras consequências que as alterações climáticas irão trazer, nomeadamente a alteração epidemiológica das doenças, o aumento das doenças cardiovasculares e pulmonares, e “uma maior probabilidade” de pandemias e catástrofes.

“O sistema de saúde tem de estar cada vez mais preparado para dar resposta a estas mudanças e a estes acontecimentos que vão ser cada vez mais frequentes no futuro”.

Por outro lado, defendeu, “os profissionais de saúde, como defensores dos doentes — mas também como cidadãos –, têm a obrigação ética de se envolver neste alerta global”.

“Nós sabemos que muitas organizações ligadas à saúde já têm estratégias muito sérias de intervenção e objetivos na área da sustentabilidade, mas também sabemos que Portugal, apesar de ter uma legislação progressiva, está muito atrás” em algumas áreas, sublinhou.

Daí a ideia de reunir um grande número de organizações ligadas à saúde para haver “uma voz comum nesta área”, para exigir mudanças a nível da legislação, incentivar a formação e a investigação, aumentar a consciencialização das populações e dos profissionais de saúde em relação a estes problemas, disse Luís Campos.

Em termos de medidas gerais, Luís Campos disse que estão contidas nos estatutos do CPSA e passam por tomadas de posição pública em relação a tudo o que seja redução de emissão de gases com efeito de estufa e degradação ambiental, defender boas práticas e produzir recomendações.

“Temos de fazer ações de formação e capacitar os profissionais de saúde para responderem melhor a estas alterações na saúde, que vão aumentar (…) e fazer com que estes sejam exemplos de comportamentos ecologicamente amigos do ambiente” e, principalmente, ser parceiros a nível do Governo para “ajudar e pôr a ciência ao serviço das melhores decisões no que respeita a práticas sustentáveis para o ambiente”, concluiu.

A Organização Mundial da Saúde e várias associações e sociedades científicas em diferentes países já apelaram para este envolvimento.

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