[weglot_switcher]

Trump deseja “sucesso” e “sorte” à administração de Biden no discurso de despedida da Casa Branca

Na hora da despedida, Donald Trump limitou-se a desejar que a nova administração seja bem-sucedida, embora não tenha mencionado uma única vez o nome do sucessor, Joe Biden. O 46.º presidente dos EUA toma posse esta quarta-feira.
  • Carlos Barria/Reuters
20 Janeiro 2021, 10h59

Quando Joe Biden tomar posse como 46.º presidente dos Estados Unidos, numa cerimónia sem a presença de apoiantes, por causa da pandemia, mas vigiada por 25 mil soldados, o seu antecessor já estará longe de Washington. Mas antes de sair da Casa Branca em direção à sua mansão na Califórnia, Donald Trump, que recusou participar na cerimónia de tomada de posse de Biden, fez um discurso relembrando os feitos da sua administração. Sem referir o nome do sucessor, mas desejou “sucesso” e “sorte” à nova administração e salientou que o movimento iniciado em 2016 com a sua eleição “ainda só está no início“.

“Há quatro anos, lançámos um grande esforço nacional para reconstruir o nosso país, para renovar o seu espírito e para restaurar a lealdade deste governo aos seus cidadãos. Em suma, embarcámos numa missão de tornar a América grande outra vez — para todos os americanos“, começa por referir.

Trump afirmou-se “verdadeiramente orgulhoso” do que a sua administração alcançou. “Fizemos aquilo que cá viemos fazer — e muito mais”, disse.

“Esta semana, inauguramos uma nova administração e oramos pelo seu sucesso em manter a América segura e próspera. Desejamos o maior sucesso e também queremos que tenham sorte – uma palavra muito importante”, prosseguiu, aludindo à nova administração liderada por Joe Biden.

O presidente cessante agradeceu à família e aos seus aliados, sublinhando a “honra indescritível” que foi estar à frente da Casa Branca. E, apesar de ter instigado os protestos em frente ao Capitólio, Trump voltou a condenar a invasão do edifício que alberga a Câmara dos Representantes e o Senado dos EUA.

“Nunca devemos esquecer que, embora os norte-americanos sempre existam divergências, somos uma nação de cidadãos incríveis, decentes, fiéis e amantes da paz, que desejam que o país prospere e floresça e seja muito, muito bem-sucedido e bom. Somos uma nação verdadeiramente magnífica. Todos ficaram horrorizados com o ataque ao nosso Capitólio. A violência política é um ataque a tudo que prezamos como norte-americanos. E isso nunca poderá ser tolerado”, afirmou.

A 6 de janeiro, o Capitólio foi invadido e ocupado por apoiantes de Trump, depois do magnata ter pedido aos manifestantes, num discurso inflamado nas imediações do edifício, que lutassem pelos resultados eleitorais. Isto, no dia em que os congressistas se preparavam para certificar os resultados das eleições de 3 novembro.

“Agora, mais do que nunca, temos de nos unir em torno dos nossos valores comuns e elevar-nos acima do rancor partidário, forjando o nosso destino comum”, continuou.

Afirmando-se como “o único verdadeiro forasteiro a ganhar a presidência”, por não ter uma carreira política na norte-americana, grande parte do discurso de Trump serviu para enumerar feitos da sua administração, reclamando que a sua agenda “não era de direita ou de esquerda, republicana ou democrata, mas centralizada no bem da nação”.

Na porta de saída, Trump continuou a reiterar que o foco foi sempre “América primeiro”.

O 45.º presidente dos EUA relembrou, assim, os feitos da sua liderança, como a aprovação do que considera ter sido “o o maior pacote de cortes e reformas de impostos da história americana”. Galvanizou a saída do Acordo de Paris e a imposição de “monumentais” tarifas alfandegárias à China.

Entre os feitos assinalados, Trump reivindicou para a sua administração os da descoberta de duas vacinas para combater a Covid-19, voltando a referir-se ao novo coronavírus como “o vírus da China”. Aliás, a meio do seu discurso, Trump disse ter conseguido “revitalizar” alianças para “enfrentar a China”. Ao longo do seu mandato, o principal alvo do antecessor de Biden foi a China, o que proporcionou diversos episódios controversos.

“Quando nossa nação foi atingida pela terrível pandemia, produzimos não uma, mas duas vacinas com velocidade recorde, e outras virão rapidamente. Disseram que não poderia seria possível , mas nós fizemo-lo. Dizem que foi um milagre. Outra administração teria  demorado três, quatro, cinco, talvez até dez anos a desenvolver uma vacina. Nós fizemo-lo em nove meses“, argumentou.

No seu discurso, Trump apenas mencionou as vacinas descobertas por empresas norte-americanas. Não referiu que outras farmacêuticas, como a britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, também conseguiram produzir uma vacina no mesmo intervalo de tempo.

Trump também se regozijou de os Estados Unidos, durante o seu mandato não terem “começado qualquer guerra nova”. Mostrou-se satisfeito, ainda, por ter endurecido medidas de segurança nas fronteiras norte-americanas, o que inclui acordos com o México, Guatemala, Honduras e El Salvador, e a construção de mais de 700 quilómetros de “um novo muro poderoso” na fronteira com o México.

Reivindicou para si a vitória sob o Estado Islâmico e a morte “do maior terrorista do mundo, o iraniano Qasem Soleimani”. Soleimani era um major-general iraniano, que era um dos líderes da Guarda Revolucionária Iraniana e que foi responsável por várias operações militares no Médio Oriente, foi morto na sequência de uma operação militar norte-americana, em janeiro de 2020.

O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a mediação de acordos entre Israel, Bahrein e Emirados Árabes foram outros dos feitos lembrados.

Trump terminou o discurso defendendo que colocou “o povo norte-americano no comando do país, novamente”. “Restauramos a ideia de que na América ninguém é esquecido”, disse.

“Agora, enquanto nos preparamos para entregar o poder a uma nova administração ao meio-dia de quarta-feira, quero que saibam que o movimento que começámos está apenas a começar. Nunca houve nada assim. A crença de que uma nação deve servir os seus cidadãos não vai desvanecer, vai tornar-se mais forte a cada dia. […] Saio deste lugar majestoso com um coração leal e alegre, um espírito otimista e uma confiança suprema de que para nosso país e para nossos filhos, o melhor ainda está por vir”, concluiu.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.