A segunda volta das eleições parlamentares na Tunísia tem lugar este domingo, com os eleitores a votarem para preencherem os 131 lugares que ainda se encontram por atribuir no parlamento do país. Nas sete circunscrições sem candidato, serão posteriormente realizadas eleições especiais para preencher as vagas, provavelmente em março.
O presidente Kais Saied demitiu o governo em julho de 2021 e suspendeu o parlamento antes de o dissolver e mudar a Constituição – abolindo o sistema parlamentar híbrido que estava em vigor desde 2014. O novo parlamento terá poderes muito reduzidos – facto que levou a oposição a boicotar as eleições, o que em larga escala conseguiu.
A primeira volta das eleições, em dezembro, contou com a participação de apenas 11,2% dos eleitores registados e 23 candidatos garantiram vagas, 10 deles porque concorreram sem oposição e 13 porque obtiveram mais de 50% dos votos, de acordo com autoridades eleitorais.
A segunda volta não deverá ser diferente em termos de participação, o que coloca um evidente problema de representatividade do próximo parlamento. Mas para o presidente isso é um problema menor: a nova Constituição aprofunda o caráter presidencial do regime, e Saied tem feito tudo para poder governar sem qualquer interferência.
Os analistas preveem precisamente uma baixa participação, até porque os principais partidos, incluindo o Ennahdha, mantiveram o boicote para esta segunda volta – o que resultou na prisão de vários dos seus membros de topo.
Com a inflação acima dos 10%, escassezes de produtos básicos e um desemprego descontrolado, os 12 milhões de habitantes da Tunísia enfrentam uma crise económica profunda, bem patente no facto de, no sábado passado, a agência de rating Moody’s ter baixado o crédito da Tunísia para Caa2.
Segundo os últimos números oficiais, o desemprego atingiu mais de 18% e ultrapassa os 25% nas regiões pobres do interior do país. Durante vários anos, a Tunísia sofreu défices orçamentais que afetaram a sua capacidade de pagamento.
Dados não oficiais afirma, por outro lado, que mais de 32 mil tunisianos emigraram irregularmente no ano passado.
As eleições ocorrem numa altura em que se prolongam negociações entre a Tunísia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um acordo que permita transferir para o país magrebino um empréstimo de cerca de dois mil milhões de euros.