Turismo em Portugal – setor em mudança e crescimento (parte II)

O turismo em Portugal observou um crescimento assinalável, tendo conseguido aumentar a sua capacidade de atração de turistas de nacionalidades diferentes das tradicionais. Dos vários acontecimentos que têm tido um forte impacto na indústria de turismo em Portugal, são de destacar: – Voos low cost A existência ou não de carreiras low cost tem forte […]

O turismo em Portugal observou um crescimento assinalável, tendo conseguido aumentar a sua capacidade de atração de turistas de nacionalidades diferentes das tradicionais. Dos vários acontecimentos que têm tido um forte impacto na indústria de turismo em Portugal, são de destacar:
– Voos low cost
A existência ou não de carreiras low cost tem forte impacto em vários destinos turísticos menos consolidados. Estes têm provocado um aumento da procura turística essencialmente ao nível de estadias city-break. No entanto, o grosso desta procura exige habitualmente estadias low-cost, o que provocou o ressurgimento de conceitos de alojamento a baixo custo como são os casos de hostel.
– Primavera Árabe
Com reflexos positivos ao nível da atividade hoteleira em Portugal, em especial em destinos Sun, com aumento de taxas de ocupação e receitas de F&B, potenciadas pelo conceito de all-inclusive.
– Procura por novas experiências
Por ex. turismo cultural, gastronómico e enoturismo, experiencias holísticas, contacto com a natureza, desportos radicais (ex. surf), etc.
– Globalização
Embora por motivos diferenciados, a globalização tem feito surgir procura de turistas de origens diferenciadas como China e Brasil. O número de dormidas destas origens é ainda no entanto muito reduzido por comparação com a procura tradicional (Espanha, centro da europa e Ilhas britânicas) em Portugal. Salienta-se contudo que em Lisboa, o aumento de estadias destes novos turistas com origens longínquas, teve impacto direto no aumento de receitas em retalho de luxo no centro da cidade.
– Benefícios estatais para não residentes
As recentes medidas de atração de investimento estrangeiro como são o caso dos conhecidos Golden Visa e o estatuto do residente não habitual em Portugal (popularmente designado por ‘reformas douradas’), com isenções fiscais por um período de 10 anos, têm tido reflexos positivos no imobiliário turístico-imobiliário em Portugal, permitindo alguns empreendimentos retomar vendas que se encontravam paradas em 2012, efetuada por compradores de origens tão diversas como Chineses, Angolanos, Franceses e Brasileiros. Estas medidas funcionaram assim como um ‘balão de oxigénio’ de empreendimentos que se encontravam na altura no mínimo ‘anémicos’. Salienta-se contudo que esta procura exige por norma elevada qualidade do produto, proximidade a aeroportos internacionais e/ou outros grandes equipamentos coletivos, como por exemplo é o caso dos equipamentos de saúde (Hospitais, etc.). Isto é, exclui do radar qualquer possibilidade de recuperação de empreendimentos que não satisfaçam os requisitos acima mencionados.
Temos recebido quase diariamente boas notícias sobre o turismo em Portugal. Os principais aeroportos nacionais veem o número de passageiros crescer (embora por várias razões que não só relacionadas com o turismo e nem sempre positivas, como é o caso do recente crescimento de emigração portuguesa). O aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto ganha frequentemente prémios no ranking dos melhores aeroportos europeus e mundiais. Lisboa, cidade mais em voga em território nacional, é sucessivamente distinguida por revistas internacionais da especialidade, a começar pelos Estudos Unidos da América. Consequentemente, em particular os 2 últimos anos, foram muito positivos para o turismo nacional, com crescimento sustentado nas taxas de ocupação e nos montantes gastos por turistas em Portugal (que como se sabe tem fortemente contribuído para o crescimento da exportações nacionais), assim como uma ligeira recuperação ocorrida no ano passado ao nível das diárias efetivas.
Estes indicadores são uma evidência inequívoca do excelente momento que o turismo nacional atravessa, com uma tendência de crescimento que se antevê manter nos próximos anos.
Verifica-se ainda em Portugal uma forte transformação ao nível das práticas de consumidores e operadores turísticos e hoteleiros, perfil e objetivos dos proprietários das unidades hoteleiras, motivações e origem da procura, etc..
Face às boas notícias referidas, às atuais tendências do mercado de turismo em Portugal e face a algum alívio (embora ligeiro) da conjuntura económica em Portugal, com eventual possibilidade de maior facilidade de acesso a linhas de financiamento nos próximos anos, somos de opinião que esta é altura para redefinição de estratégias e reposicionamento de diversos empreendimentos turísticos e hoteleiros em Portugal. As opções a tomar e investimentos a realizar deverão, em nossa opinião, ser suportados por estudos de mercado e estudos de viabilidade económico-financeira, devidamente estruturados e efetuados por consultoras com um profundo conhecimento das atuais e futuras tendências de Hospitality em Portugal.

Nuno Tadeu
Associate, Consultor sénior em Hospitality Cushman & Wakefield

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